“O amor de um pai e uma mãe nasce no encontro com o bebê ou criança”

Foto: Divulgação/Notisul
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Tubarão

Maria Julia surgiu na vida do casal Roselene Marcon Machado, a Rosi, e Ageu Luiz Machado (foto) quando ainda era recém-nascida. Hoje, com 10 anos, a história da menina encanta os pais que não escondem o amor e felicidade de encontrar em uma filha do coração ensinamentos que vão além do relacionamento familiar. “O amor é muito generoso. Na verdade, quem ganha é quem adota”, relata Rosi. Esta é mais uma história da série Adoption Day que o Notisul traz desde a edição da última quarta-feira.

Mãe de um homem de 31 anos, Rosi afirmou que pensava em ter mais um filho, no entanto, o sonho foi adiado até que por meio da adoção realizou o desejo de ter uma menina. Diferente de milhares de casais que se dispõem a adotar, o casal garante que não levou em consideração a cor da pele. Para a mulher, quando uma pessoa se prepara para a adoção, não pode adotar simplesmente para resolver um problema, mas, sim acolher um bebê ou uma criança que está precisando de uma família.

Segundo Rosi, a filha tem um relacionamento ótimo com a família, principalmente com o irmão, a quem chama apenas de mano. “Eles se dão muito bem. Quando ela chegou em nossa casa, em julho de 2008, faltava apenas três meses para o casamento do meu filho Silas. Mesmo com o pouco tempo dos dois morando na mesma residência, a conexão entre eles foi grande e permanece”, destaca

Sobre preconceito racial, a mãe da garota conta que a menina não reclamou de nenhum episódio, porém, sabe que um dia essa situação poderá ocorrer. “Ela nunca reclamou ou chegou em casa contando algo sobre isso, mas trabalhamos essa situação com a minha filha”, observa.

A mãe assegura que não existe mais filho ou menos filho, por isso é necessário que se analise alguns quesitos e pense em apenas no amor na hora da adoção. “Quando temos um filho biológico não escolhemos se ele vai ser branco, preto, alto, baixo, gordo ou magro. Já começamos a amá-lo por ele estar na nossa barriga. Então porque quando adotamos temos que escolher?”, indagou.

No Brasil, há casos de muitas famílias que relatam os dissabores de enfrentar o racismo por meio de suas crianças adotadas, mas ao mesmo tempo consideram que é uma experiência que os tornam mais fortes ao descobrirem maneiras de empoderar essa criança com experiências que reforçam uma identidade negra positiva, ao invés da negação do que realmente ela é. Os constrangimentos fazem parte do cotidiano da população negra brasileira, as pessoas que adotam uma criança devem se fortalecer e buscar entender que o racismo existe na sociedade apesar de todo o mascaramento.