“Nossos caminhoneiros estão passando fome e sem banho, inclusive! ”, desabafa Edoir Schmoeller

Janiffer Souza

Tubarão/Braço do Norte

Muitos de nós foi ao supermercado, farmácia, postos de combustível nesses últimos dias. Mas quantos de nós pensou em como tudo aquilo chegou até a prateleira?

Para que tenhamos o comércio de tudo que utilizamos, temos que contar com uma categoria pouco falada durante essa pandemia de coronavírus que estamos passando, que são os caminhoneiros. Milhares deles estão deixando as suas famílias em casa, para garantir que você e eu tenhamos cumpridas as nossas necessidades de consumo, mesmo durante esse período de isolamento.

“Tenho 50 caminhões na estrada, fazemos o trajeto de Tubarão, Brusque, Pernanbuco, João Pessoa e Fortaleza, e a realidade é que nossos motoristas estão passando fome! ”, relata o empresário Edoir Schmoeller, proprietário da empresa Transportes Schmoeller.

Ele conta que os caminhoneiros chegam a fazer 8 mil km, ficam de dois a dez dias viajando e não encontram restaurantes na estrada, nem conveniência em postos e muito menos chuveiro para banho.

Como se alimentam?  “O que eles estão fazendo é indo em mercados e comprando pão com mortadela e água”, conta com tristeza o empresário.

Segundo Edoir, a situação dos autônomos é ainda pior, e por rádio alguns motoristas contaram, que já viram motoristas abandonando os seus caminhões e pedindo carona para voltar para casa, porque nem mesmo borracharia para consertar o pneu ou mecânica eles encontram aberto para socorre-los. “Eu mesmo já tive que mandar outro caminhão de Brusque a São Paulo, para socorrer um dos motoristas que não encontrava apoio mecânico”, lembra o empresário.

Impactos na alimentação

E não é só empresa com alta quilometragem que está sofrendo.

Em Braço do Norte, a empresa Feijão Caldão, que beneficia, empacota e distribui feijões já está sofrendo as consequências.

Eles transportam para os Estados de Santa Catarina e Paraná e ficam de dois a três dias em viagem, porém os desafios não são diferentes. “Nossos caminhoneiros levam marmita apenas para o primeiro dia por ser perecível, nas outras refeições eles estão passando a bolacha, salgadinhos e água. É lamentável! ”, pontua o empresário Salésio Soethe.

Ele lembra ainda, que o impacto será muito maior se o governo não tomar providências urgentes. “Muitos caminhoneiros estão querendo desistir. A ração animal vem de outros Estados, os cereais também e se não tivermos quem traga a produção vai parar e aí sim, teremos um sério problema nos nossos mercados”, observa.

Os dois empresários advertem, que também os medicamentos chegam por meio desses profissionais e é urgente que se tome providências. Em termos de solução eles são unânimes. Se os restaurantes da estrada abrirem e os motoristas tiverem condições de se manterem na estrada, será um problema a menos. É uma solução simples”, asseguram.

Há circulando ainda outras ideias, como liberar os postos de pedágio e transformá-los em pontos de apoio aos caminhoneiros, o que ajudaria muito na situação atual. Porém, isso ainda está apenas no campo das ideias. Nesse momento o que está ao alcance é alimentação e banho nas estradas, para tentar tornar a vida desses heróis um pouco mais leve.