“Não vale a pena viver assim”

Karen Novochadlo
Laguna

O aposentado Evandro Luiz de Melo, 59 anos, de Laguna, está na fila de espera para um transplante de rim. Possui um doador compatível, contudo, ainda não conseguiu marcar a cirurgia. Já tomou uma decisão: no dia 25 de março, interromperá as hemodiálises como forma de protesto.

Nesta data, há quase dois anos, começou a realizar o procedimento de diálise. “Não posso viver, sou um escravo da saúde”, desespera-se. O protesto tem um motivo: apressar a cirurgia. O seus três filhos já pediram para que ele desista da ideia.
O seu filho Nestor José de Melo relata que o pai sempre foi uma pessoa muito forte, animada e trabalhadora. Antes de se aposentar por invalidez, trabalhava na construção civil.

“Com o passar do tempo, ele desanima, porque não tem a atenção que gostaria”, explica Nestor. Pelo menos três vezes por semana, Evandro viaja até Tubarão para realizar o tratamento. Na van cedida pela prefeitura, vão outras 16 pessoas. O ônibus parte às 6 e volta às 13 horas.

Evandro mora sozinho. Contudo, quando piora por causa da doença, alguns familiares vão para sua casa. Seu desejo é poder viver sem depender de ninguém. “Os médicos dizem que tem gente que vive há 12 anos dessa forma, mas não quero isso”, desabafa Evandro, que não sabe explicar a origem de sua doença. Alguns médicos já disseram que foi por causa da pressão alta.

Uma luz no fim do túnel
O Notisul entrou em contato com a Central de Captação, Notificação e Distribuição de Órgãos e Tecidos de Santa Catarina, a SC-Transplantes, para averiguar o caso.
O assistente da gerência de transplantes, Leandro Silva Botelho, verificou que o nome do aposentado Evandro Luiz de Melo não constava no cadastro de pessoas que deveriam passar por transplante em Santa Catarina ou mesmo no Brasil (exceto São Paulo).
“Se ele possui um doador vivo, não deveria estar na fila do transplante”, explica Leandro. A central estuda o caso para descobrir se houve algum erro. A SC-Transplantes já entrou em contato com o aposentado.