“Não é um milagre, é tratamento”

Bardini, que estudou na USP, trouxe técnica inovadora, cujos primeiros resultados foram comprovados esta semana  -  Foto:Kalil de Oliveira/Notisul
Bardini, que estudou na USP, trouxe técnica inovadora, cujos primeiros resultados foram comprovados esta semana - Foto:Kalil de Oliveira/Notisul

Kalil de Oliveira
Tubarão

Aos 33 anos, o médico alergista Gil Bardini, de Tubarão, fala com orgulho de uma técnica inovadora para o sul do estado. Graças aos seus estudos na Universidade de São Paulo (USP), o doutor devolveu a uma criança de 5 anos a sua capacidade de tomar leite. 

Cauteloso, o médico, entretanto, prefere evitar a euforia. "Não é um milagre. É preciso fazer os exames e, se for o caso, é programado o tratamento que leva de três a quatro semanas. Também não se inicia imediatamente. Às vezes, a cura vem com o tempo, sozinha, apenas com a exclusão total do alimento. Por isso é importante esperar", orienta.

Segundo Bardini, os casos de alergias atingem 30 por cento da população mundial. Muitas vezes as pessoas nem sabem. "É imprevisível. Só vai descobrir na hora de tomar um remédio, por exemplo. Em alguns casos, a alergia pode se desenvolver depois, com mais de 60 anos", diz.

Entre as alergias mais comuns estão as respiratórias, de pele, de medicamento e as alimentares. No caso da intolerância à proteína do leite, os sintomas quase sempre são manchas na pele, coceira, inchaço e vômito.  

Na técnica, que não existe na rede pública em Santa Catarina, Bardini realiza uma sessão por semana de um extrato do alérgeno. Aos poucos aumenta a dose. Após os resultados clínicos, o paciente poderá consumir o leite. O produto, inclusive, passa a ser como um remédio, com uma dose diária recomendada.

Diagnóstico precoce
Sobre as últimas pesquisas realizadas na área, o especialista cita um dado interessante. Nos Estados Unidos descobriu-se que o consumo precoce do amendoim diminui o risco de alergia. "Antes se pensava que era preciso esperar um ou dois anos para alimentar a criança. A pesquisa mostrou que quanto mais precoce melhor. É claro que não se pode esquecer da importância do aleitamento materno", destaca.
Filho de médico e irmão de juiza, ele conta que se sente realizado na carreira. Formado pela Unisul, se especializou fora. Cinco anos longe da família, passou por São Paulo e Ribeirão Preto, e hoje atua na Pró-Vida.