Na Amurel: Representantes religiosos falam sobre o papel da igreja diante do Covid-19

Tubarão

Diversos eventos e encontros religiosos foram adiados ou suspensos temporariamente como medida para prevenir a disseminação do novo coronavírus, em Santa Catarina. A ação também foi tomada por outros Estados. Na semana passada, o governador Carlos Moisés (PSL) publicou um decreto suspendendo as atividades religiosas no Estado.

Missas, cultos evangélicos e de religião de matriz-africana e atividades espiritas não deverão ocorrer temporariamente.  Em tempos de mídias sociais e de cobertura das notícias constantes e implacável é mais seguro e apropriado os fiéis ou aqueles que creem em um Deus ou um ser maior realizarem as suas práticas de fé em suas casas apenas e não mais em um templo, espaço ou terreiro.

Diante dos crescentes casos da doença Covid-19 no Brasil, representantes de várias denominações religiosas de Tubarão têm se pronunciado a respeito do posicionamento a ser adotado pelos cristãos. Alguns deles também falaram sobre alterações nas programações, visto que alguns cultos deverão passar a ser transmitidos online para que os membros fiquem em casa e não se aglomerem. A decisão de não reunir os fiéis visa evitar que as pessoas tenham contato, minimizando o risco de contágio.

O apelo é que as pessoas não devem correr riscos desnecessários. Com a aproximação da Páscoa em abril, é o momento em que muitos lotam as igrejas. Muitos idosos, por exemplo, têm assistidos mais assiduamente as missas, celebrações e cultos. É por isso que muitos profissionais da saúde e políticos consideram ‘perigoso’ isentar as igrejas, templos ou locais de atividades da proibição de grandes aglomerações.

Ficar em casa é gesto de cuidado e cidadania

O pároco da catedral, Eduardo Rocha, avalia que obedecer às normativas das autoridades civis e sanitárias constituídas é uma questão de civilidade. “É uma questão humana, formamos uma comunidade humana. Pessoas que não se isolam neste momento são egoístas mesquinhas e rasas, que não cultivam o espirito cristão no cuidado com a comunidade. Para nós cristãos é muito forte o sentido da comunidade e do cuidado, do zelo com o bem comum. Se eu não me isolo agora, não estou pensando no outro. Não apenas naqueles da minha casa ou nos que estão na frente de batalhas como os profissionais da saúde”, observa.

Ele destaca ainda, que neste período difícil os católicos vivem o tempo da Quaresma, os 40 dias que antecede a festa da Páscoa, considerada a maior comemoração cristã. “A Quaresma está dentro de uma quarentena. A primeira dentro de um sentido espiritual, convida o cristão a olhar para dentro de si e a segunda, uma questão de saúde, que impõe a população a ficar em casa. Acredito que em meio a tudo isso Deus queira nos dizer algo. Dentro da Quaresma e da quarentena precisamos estar com os ouvidos e o coração bem atentos para percebermos a voz de Deus. Ele com certeza tem algo para nos dizer, possivelmente para que valorizemos mais a nossa vida, a nossa família, o nosso trabalho e aquilo que é ordinário no nosso dia a dia. É sempre uma oportunidade de rever a própria vida”, constata.

De acordo com o pastor Luís Valério da Silva, da igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a decisão de paralisar as atividades é extremamente necessário para a segurança da população. Na segunda-feira da semana passado, os cultos foram suspensos por causa da propagação do Covid-19. “Neste domingo fiz uma transmissão ao vivo pelo facebook, para que a nossa comunidade e outras pessoas pudessem acompanhar. É muito estranho ir sozinho até o templo, com as cadeiras vazias e falar ao celular para que as pessoas recebam uma palavra de Deus, para o seu coração, mas é extremamente necessário esse cuidado!”, enfatiza.

Assim como os demais líderes religiosos, o representante da religião de matriz-africana, Pai Silvano de Oxalá, também concorda com a suspensão dos eventos. “Nossas casas de religião recebem muitas pessoas numa sessão e como as elas ficam muito uma perto da outra pode ocorrer a contaminação. Podemos ficar um mês sem tocar sessão por um bem maior. Devemos ter responsabilidade e entender que é necessário colaborar para que a doença não se espalhe ainda mais” assegura.

O presidente do Conselho dos Pastores de Santa Catarina e coordenador da Aliança Evangélica, o pastor da Igreja Assembleia de Deus Independente, em Tubarão, Carlos Augusto Lopes, também acredita que a medida foi acertada e que há outras formas de promover eventos religiosos. “Temos contatos com os líderes por meio do WhatsApp, promovemos cultos por meio de lives e esse período servirá para as pessoas ficarem mais próximas de suas famílias orando por aqueles que precisam estar nesta frente de batalha como os profissionais de saúde. Sabemos que é um momento difícil, queremos e devemos cooperar com o isolamento”, detalha.

O diretor do Departamento Doutrinário do Centro Espírita Alan Kardec, em Tubarão, Jones de Oliveira, conta que vê a suspensão das atividades realizadas nos Centros Espíritas como medida de bom senso. “O momento exige o empenho de todos para juntos debelarmos está prova que assola a humanidade de forma geral e aos catarinenses de maneira especial. Todos devemos, incluindo as instituições religiosas e associativas darmos o nosso contributo. A Doutrina Espírita prima pela fé raciocinada, única a se manter inabalável diante dos desafios da existência terrena. Portanto, usemos a razão, atributo do espírito. Concitamos a todos para que busquemos nesse momento a serenidade, a confiança em Deus, rogando a inspiração e forças aos nossos governantes para tomem as medidas mais acertadas neste momento”, reconhece.