Muito arroz. Pouco consumo

Karen Novochadlo
Tubarão

O arroz ainda é a principal fonte de carboidrato do mundo. Contudo, o consumo no Brasil cai a cada ano. Somente neste comecinho de 2011, o brasileiro já comprou 12% a menos no comparativo com o ano passado. O resultado é que o preço despenca e, para o produtor, não vale a pena investir na cultura.

Na região, o desafio é exatamente este: manter o equilíbrio entre a produção e a mesa do consumidor. Hoje, o rizicultor recebe R$ 24,00 por cada saca de 50 quilos de arroz. Para haver ganho mínimo, o preço precisaria estar na casa dos R$ 25,00 a R$ 30,00. Apesar do valor baixo, o produtor ainda não trabalha no vermelho, mas também não lucra.

Para este ano, a preocupação está na previsão de uma safra que deverá gerar 12,5 milhões de sacas (valor correspondente aos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Com isso, é estimado excesso do produto no país.

Na região, aproximadamente 300 rizicultores são responsáveis pelo cultivo de 21 mil hectares de arroz. A produção média gira em três milhões de sacas por safra. Para este ano, a expectativa da Cooperativa Agropecuária de Tubarão (Copagro) é de 800 mil sacas de arroz, o que equivale a 40 toneladas. No ano passado foram 750 mil sacas.

Leilões de arroz serão retomados
Sem ter para onde escoar a produção – o dólar baixo e o domínio asiático no mercado externo não favorece a exportação – é estimada uma queda ainda maior nos preços do arroz. Hoje, para o consumidor, um pacote de cinco quilos custa, em média, R$ 8,00. A expectativa agora é que o governo reduza os impostos para privilegiar também os produtores.

Antes disso, porém, o Ministério da Agricultura já anunciou que retomará os leilões de prêmio de escoamento de produto (PEP) este ano. Serão ofertadas 50 mil toneladas do produto proveniente do Rio Grande do Sul, e 7,5 mil toneladas de Santa Catarina. A ideia é garantir o preço mínimo do arroz.

A operação será feita nesta quarta-feira. O valor do prêmio será de R$ 4,82 por saca aos empresários que pagarem o mínimo de R$ 25,80 por 50 quilos de arroz de melhor qualidade.

Modificação no perfil do consumo
A renda do brasileiro tem subido a cada ano e justamente por este motivo há a queda no consumo de arroz. Hoje, a população prefere outros tipos de alimentos, como massas e carnes, na mesa. A consolidação da mulher no mercado de trabalho também contribuiu para isto. As famílias fazem mais refeições em restaurantes e o arroz não é mais visto como preferencial.

Municípios produtores na região
Tubarão, Jaguaruna, Treze de Maio, Sangão, Capivari de Baixo, Gravatal, Laguna, Imbituba e Imaruí. Nestas cidade, a maioria dos produtores já efetuou o plantio. A colheita começa a ser feita em março.