O secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas (Sefae/MCTIC) Marcelo Morales, ressalta que ainda é cedo para determinar a relação entre a BCG e o menor número de casos do coronavírus. ”O estudo vai avaliar. Por enquanto é apenas uma hipótese. Só depois de concluído os trabalhos é que teremos dados suficientes para avaliar se a vacina BCG exerce algum tipo de proteção contra a Covid-19”, afirma.
A coordenadora da pesquisa, professora de Tisiologia e Pneumologia do Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fernanda Mello explica que os estudos buscam responder se a vacina ajuda, tanto na prevenção da infecção, quanto na ocorrência de formas graves de Covid-19. A verba repassada pelo MCTIC será usada na realização de ensaios clínicos, que demandam aquisição de insumos para a execução das rotinas clínicas e laboratoriais, e de equipamento de informática para registro e análise de dados. Além disto, será montada equipe treinada para a execução dos estudos.
O recrutamento dos participantes terá a duração de quatro meses, período no qual todos deverão ter recebido o BCG ou o placebo. A seguir, ambos os grupos serão monitorados por meio de exame clínico e laboratorial durante um período de seis meses.
Fernanda destaca ainda, a importância do estudo junto aos profissionais de saúde. “Ao avaliarmos o efeito da vacina BCG entre profissionais de saúde, esperamos verificar seu potencial para evitar o adoecimento e as formas graves da doença entre eles, que representam o braço operacional da linha de cuidado aos pacientes Covid-19. A manutenção desta força de trabalho é fundamental para que seja garantido o melhor cuidado aos portadores do coronavírus”.
Outro integrante da pesquisa e que participa do grupo da RedeVírus MCTIC é o coordenador do programa acadêmico de tuberculose da Faculdade de Medicina da UFRJ, Afrânio Kritski. Ele detalha que o grupo tem monitorado a epidemia de Covid-19 em nível nacional, focando mais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Ceará e Amazonas.
Kritski considera estratégico que os grupos de pesquisa de diferentes setores atuem em rede, de modo a evitar duplicidades, e disponibilizar à sociedade produtos (testes diagnósticos, estratégias terapêuticas, estratégias de prevenção) e para os gestores tomarem decisões baseadas em evidencias cientificas. “É fundamental a transparência e acesso aos dados de Covid-19. A academia necessita ter acesso a nível federal, estadual e municipal, aos dados de casos com provável Covid-19 que foram submetidos aos testes de triagem ou diagnósticos, de casos confirmados, de casos que evoluíram para formas graves de modo a prover modelagens que auxiliem a área de gestão pública da área médica na adoção das melhores condutas preventivas, terapêuticas e de seguimento no combate ao coronavírus”, finaliza.
Após a liberação da verba pelo MCTIC o programa de pesquisa será submetido ao Conselho de Ética da UFRJ.