“Minha vida é dedicada ao meu filho”

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Joe Campos, de 51 anos, deixou o emprego e hoje vive em função do filho, que após lesão precisa de auxílio constante.

Lysiê Santos e Jailson vieira
Tubarão

Desde o nascimento do filho, o comerciante Joe Campos, de 51 anos, teve sua vida transformada. Casado, o tubaronense, que já era pai de uma menina, teve a oportunidade de ter o segundo, o Joe Campos Filho. O menino – que nasceu prematuro -, foi vítima de erros médicos, e no primeiro dia de vida sofreu uma lesão cerebral no lado direito frontal, que ocasionou a perda de movimentos e outros problemas.

Daquele dia em diante, iniciou o desafio dos ‘Joes’. Devido às lesões, o pequeno teve que passar por uma série de especialistas. “Periodicamente faz acompanhamento com um ortopedista em Curitiba, em Joinville para consultar a visão, faz fisioterapia três vezes por semana em Tubarão. Quando ele era pequeno levei em hospitais de São Paulo e Brasília, e se fosse necessário iria até para fora do Brasil. Faço tudo pelo meu filho”, relata o pai.

Enquanto Joe Filho era mais novo, a mãe, Bega Marmota dedicava aos cuidados da criança, e após o crescimento, há mais de 12 anos o pai decidiu abrir mão do emprego e viver 100% para o filho. Desde então, os dois dividem cada momento do dia. Joe precisa de ajuda para fazer suas atividades básicas, como escovar os dentes, tomar banho, trocar de roupa e todas as outras funções.

Apesar de já ter 21 anos, Joe ainda conta com o ‘colinho’ do pai que diariamente precisa deslocá-lo pelas escadas até chegar ao carro e o carrega em seus braços. Apesar de todas as adversidades, neste domingo Joe tem muitos motivos para comemorar o Dia dos Pais. “Ele é a coisa mais importante para nós. É um menino feliz que nos alegra bastante. Está sempre sorrindo e é muito esperto, e a minha vida é toda em função dele”, conta o pai, que ao falar do filho enche os olhos de lágrimas e o coração de alegrias.

 

Com amor e dedicação do pai, Joe supera desafios
Apesar das deficiências físicas, Joe concluiu o ensino médio e pretende estudar música. Apaixonado por bandas de rock, ele possui diversos instrumentos e já foi em shows de grandes ídolos da música brasileira. Sabendo dos gostos do filho, o pai, além de se dedicar aos cuidados médicos também é parceiro de passeios e de muita diversão. “Além da música, ele adora esportes. Acompanha os jogos de diversas modalidades e está sempre atualizado”, conta o pai todo orgulhoso das conquistas do filho.

 

 “Sempre procurei estar próximo dos meus filhos”
pags 8 e 9 - matéria 1 - Rubens (a direita) , esposa, filhos e netos
Casado há 48 anos com Elisabet Bittencourt Martins, de 66 anos, Rubens Mendes Martins, 70, teve quatro filhos biológicos e um do coração. Querido e conhecido por muitos moradores de Capivari de Baixo, o seu Rubens vai comemorar neste ano o seu 47° aniversário como pai.

“Tive o meu primeiro filho com 24 anos, naquele tempo era muito jovem, mas desde cedo sabia o compromisso e a responsabilidade que é ser pai. Além disso, sempre procurei estar perto dos meus filhos, apesar da distância, um deles mora na região da Grande Florianópolis, por isso não conseguimos nos ver com frequência”, explica.

Ele lembra que já tinha três filhos biológicos quando adotou a quarta criança. “Nesta época já ‘trabalhávamos’ na Igreja Matriz São João Batista e dissemos o nosso sim pela manhã para termos este filho do coração e, à noite, quando Beth e eu assistíamos a uma programação recebemos a confirmação do que estávamos fazendo era certo e que aquele menino seria nosso para sempre. Foi por meio da programação da campanha da fraternidade que a afirmação veio ‘Quem acolhe o menor, a mim acolhe’”, emociona-se Rubens.

O idoso conta que na época o garoto tinha de 5 anos, e já tinha uma menina da mesma idade. “Quando colocava o Lúcio no colo tinha que pegar a Daiane também. Se o tempo voltasse queria passar por tudo novamente, porque todos os meus filhos e a minha família é uma benção”, enfatiza.

 

 “A educação para os três foi igual”
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Moacir Pereira Joaquim, de 57 anos, era solteiro quando conheceu Maria Aparecida Ouriques, a Cida, 51, lá pelo fim dos anos 80.

Ela era divorciada e com dois filhos, Cristiano na época com 2 anos e Elder com 1 ano. O casal se apaixonou e passou a morar junto.

Pouco tempo depois, os dois tiveram a primeira filha, Mônica, hoje com 27 anos. Caro leitor, você entendeu bem, a única filha do casal, porque os outros dois são homens e Moacir nunca os tratou de forma diferente, mas também como filhos.

“O amor que tenho pelo Cristiano e pelo Elder não é difere do amor pela Mônica, nesta ocasião o sangue não pode falar mais alto. A educação para os três foi igual”, assegura.
Quem conviveu ou ainda convive com eles destaca a forma que Cristiano, hoje com 34, e Elder, 32, desde a infância se referem ao ‘paidrasto’.

“A Mônica sempre me chamou de pai, já os meninos utilizavam o pronome ‘meu’. Eles sempre me chamaram de ‘meu pai’ e isso é um orgulho para mim. Eles sempre me respeitaram e me amaram como pai, e da minha parte não é diferente”, conta.

Moacir afirma que a data é comemorada todos os dias. “Os meus filhos estão na minha casa quase todos os domingos e não passam dois dias sem nos visitar. O que será um pouco diferente neste domingo é que os meus cunhados e demais familiares passarão a data conosco”, observa.

 

Jovem gay conta as ‘delícias’ de ser pai
pags 8 e 9 matéria 3 - Maicon Willian Alves
“Não vejo essa dicotomia entre ser homossexual ou heterossexual na criação de um filho. Creio que o amor e a dedicação impregnados na criação dos filhos independem de condição sexual”. É com esse pensamento que o assistente em administração Maicon Willian Alves, de 31 anos, educa e convive com a sua filha.
Maicon casou muito cedo e com 21 anos foi pai de Fernanda. Porém, o relacionamento com a mãe da menina não deu certo e ambos seguiram cada um o seu caminho, e ele passou a se relacionar com homens. “Fui muito claro e transparente sobre minha condição sexual com a minha filha e levamos uma vida muito saudável e absolutamente normal. Mais do que palavras, sempre demonstrei para ela que com nossas ações e principalmente nosso amor, poderíamos ser muito mais felizes que qualquer família tida como ‘convencional’. E essa certamente é a maior lição que você pode dar”, explicou.

Ele conta que as dificuldades que enfrentou em toda a sua vida adulta, como gay, são inerentes a uma vida tido como ‘não convencional’ pela sociedade, que foge da heteronormatividade imposta por esta mesma sociedade. “Obviamente que imersos num cotidiano desses, já houve questionamentos por parte da minha filha. Recordo-me bem quando ela tinha 3 anos e me questionou ‘Pai, você e o titio namoram?’ Disse: ‘Sim, filha’, ‘Mas não é certo, né pai?. O certo seria um homem e uma mulher?” Respondi: ‘Filha, namoro o titio porque nos amamos muito e somos felizes assim’. Então ela finalizou: ‘Ah tá. Então tá bom!’” contou.

Atualmente a menina mora com a mãe e passa os fins de semana com Maicon e seu namorado. “Costumo dizer que sua vida é dividida em dois momentos: você sem filhos e com filhos. O homem só vai descobrir o que é verdadeiramente o amor quando pegar pela primeira vez o seu filho no colo, quando ele dá seus primeiros passinhos, quando balbucia as primeiras sílabas. O nascimento de minha filha não mudou minha vida, fez-me renascer. Não tomo nenhuma decisão e nenhuma ação se isso afetar negativamente algum aspecto da vida de minha filha. E sempre será assim: primeiro ela, depois eu. Esse é verdadeiramente um amor para vida toda”.

 

Pai solteiro: “O sorriso mais sincero é o de um filho”
Pags 8 e 9 - matéria 4 - Douglas Xavier de Ávila
A criação de um filho sempre terá fases difíceis, em especial se o envolvido for pai solteiro. Homens e mulheres enfrentam desafios significativos quando estão apenas com os seus filhos. Se antes os afazeres, como ministrar aulas de educação física e jiu-jitsu, estudar e desempenhar algumas atividades em casa era comum, hoje responsabilidades como trocar fraldas, fazer mamadeiras e educar a pequena Giulia, de 1 ano e 9 meses, virou rotina a cada 15 dias na vida do educador físico Douglas Xavier de Ávila, de 31 anos.

Depois de um relacionamento curto, Douglas descobriu que seria pai em 2015”. Na época foi um susto. Era uma gravidez que não foi planejada, minha ex-namorada e eu tínhamos recém nos separado. Mas mesmo com toda a insegurança e diante de tantas incertezas naquele momento, tive uma certeza que já amava aquela vida que estava por vir”, lembra o jovem, que terá neste ano o seu segundo Dia dos Pais.

O educador físico afirma que pai e mãe têm as mesmas responsabilidades ao criar um filho. E isso fica mais fácil quando se divide tudo: educar é tarefa pesada. Com apoio dá para equalizar melhor as atitudes e as reais necessidades da criança. “Meu relacionamento com a minha filha é ótimo! Apesar de ela passar os fins de semana alternados comigo, o que é pouco, falo com ela todos os dias por videochamada, procuro ser o mais presente possível, saber tudo que está ocorrendo com ela. Também participo de todas as decisões em relação às coisas que implicam na vida dela. Essas são as dificuldades de ser pai e solteiro, no meu caso, a distância. Com a vinda da Giulia, muita coisa mudou: a forma de pensar e enxergar o mundo. Sei que existe uma vida dependente das minhas escolhas”, observa.

Douglas enfatiza que aprende todos os dias com a pequena. “O amor incondicional, a felicidade nas coisas simples, o abrir mão de coisas pra si pra ver a alegria nos olhos dela valem muito a pena. O sorriso mais sincero que alguém pode receber é de um filho”, finaliza.