Mineiros entram em estado de greve e podem paralisar atividades na próxima semana

Foto: Divulgação

Trabalhadores de seis empresas carboníferas do Sul catarinense estão em estado de greve. A votação pela paralisação total das atividades será feita no próximo sábado (5) em assembleia. São cerca de três mil mineiros em Lauro Müller, Urussanga, Içara, Siderópolis e Treviso.

Conforme o presidente da Federação dos Mineiros do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Fetiec), Genoir dos Santos, caso o sindicato patronal não apresente novas propostas até sábado, a categoria entre em greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira (7). “No sábado também definiremos se a greve inicia por uma empresa ou se paramos todas ao mesmo tempo”, antecipa Genoir.

Segundo ele, as reivindicações foram entregues no dia 8 de setembro do ano passado e a primeira reunião ocorreu somente em 10 de dezembro, praticamente três meses depois, e com um negociador profissional. “Na segunda rodada de negociações, em 22 de dezembro, eles ofereceram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e, quando falamos que queríamos discutir as nossas reivindicações, a reunião foi encerrada”, lamenta Genoir.

O sindicalista ainda explica que o mesmo ocorreu na terceira tentativa, no último dia 19 de janeiro: a mesma proposta foi apresentada e a reunião encerrada quando os mineiros tentaram falar sobre a pauta de reivindicações. Entre os principais pedidos estão:

  • Pagamento do vale leite para os trabalhadores afastados por doença ou acidente de trabalho.
  • Assistência médica ao trabalhador acidentado enquanto durar o tratamento.
  • Unificação do salário profissional – hoje cada empresa paga um valor diferente para determinadas funções.
  • Plano de saúde com custeio parcial pelas empresas.
  • Ganho real de 80% do INPC – na proposta das empresas, é oferecido o INPC do período, de pouco mais de 10%.

De acordo com o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Extração de Carvão Mineral do Estado de Santa Catarina (Siecesc), Márcio Cabral, os representantes patronais estão em reunião para tratar do assunto, mas ainda não há uma definição ou nova proposta para apresentar para os trabalhadores..

A possibilidade de greve vem em um momento complicado, em especial no que tange a produção de energia elétrica. Hoje, o país praticamente depende que a termelétricas funcionem com capacidade máxima. Tanto, que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê gastar, pelo menos, R$ 907 milhões com geração de energia de usinas térmicas movidas a carvão neste ano.

Isso representa um aumento de 21% em relação aos R$ 750 milhões empregados no ano passado. O país não utilizava a energia vinda de térmicas desta maneira desde 2017. Contudo, com a seca que assola o país há mais de um ano, as hidrelétricas ainda têm dificuldade em manter as lâmpadas brasileiras acessas.

Vale destacar, que o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda (CTJL), em Capivari de Baixo, é a maior empresa do setor da América Latina, com produção média de 857 megawatts. O carvão minerado na região de carbonífera é vendido, quase que exclusivamente para abastecer a usina.

 

 

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