Mercado de trabalho: Você tem o que eles querem?

Bruno Henrique Romão*
Tubarão

O que desejam os setores de recursos humanos (RH) hoje? Quais as suas maiores reclamações? Qual é o retrato da realidade do mercado de trabalho catarinense? Para tentar responder essas perguntas, nada melhor do que buscar junto às próprias empresas como enxergam a postura e a preparação de profissionais do estado.

Um currículo com vários diplomas e idiomas paga apenas o pedágio para entrar na estrada da competição. O profissional se põe à prova pelas suas atitudes no cotidiano da organização, e aí não há receita pronta. Idiomas estrangeiros são fundamentais em empresas de base tecnológica como a Intelbras, que é voltada para o segmento de telecomunicações e informática. Lá, a prática do inglês e do espanhol é pré-requisito para determinados cargos.

“Não falar, ler ou escrever acaba por limitar e criar uma barreira ao acesso e crescimento profissional”, assinala o gerente de recursos humanos da organização, Marciel Linhares. Para driblar esta dificuldade e suprir a demanda interna, hoje a Intelbras subsidia curso de idiomas para 45 de seus colaboradores.

Na Softplan, a situação não é diferente. O inglês é o idioma universal para programação de software e requisito básico à maioria das funções da empresa, avisa Moacir Marafon, diretor da Softplan/Poligraph. A área de desenvolvimento de softwares é uma das que mais cresce em Santa Catarina. E este avanço é superior à oferta de profissionais graduados pelas instituições de ensino.

* Da revista Negócios e Empreendimentos, da Supernova Editora, parceira do Notisul.

Qualificação profissional

Muitas faculdades não formam, informam. Esta é a principal reclamação de quem recruta e seleciona. Para a maioria dos líderes e gestores do estado, existe uma distância entre as habilidades e comportamentos exigidos pelo mercado das propostas pelas universidades. A impressão é que hoje as instituições acadêmicas estão mais preocupadas com o fornecimento de conceitos e teorias, em detrimento de uma formação comportamental que transforme alunos em profissionais.

O rápido crescimento da economia, combinado com uma demanda por profissionais especializados, em espaços de tempo mais curtos, fez surgirem os cursos superiores de tecnologia – os tecnólogos. De uma forma geral, eles têm sido bem vistos. Conseguem uma instrução de ensino focada – e tecnicamente adequada – para a função proposta.

O ensino a distância é uma questão que divide os contratantes de várias empresas. Letícia Guerra, analista de recursos humanos do First Group, vê que, no geral, estes cursos não têm conseguido ainda preparar bons profissionais. O gerente de recursos humanos da Intelbras, Marciel Linhares Marciel, tem o mesmo pensamento. Para ele, determinadas lacunas deixam de ser preenchidas, como as de gerar habilidade de relacionamento, trabalho em equipe, convivência e debate.

Já para Moacir Marafon, diretor da Softplan/Poligraph, há uma melhora significativa com os recursos de tecnologia. Contudo, ele considera que as instituições de ensino devem sempre rever os seus métodos de avaliação, grades curriculares e metodologias de ensino para abrir oportunidades.

Especialização
Independentemente de ser visto como diferencial, o MBA começou a se tornar unanimidade pelas organizações. Este tipo de curso de especialização, na visão dos gestores de recursos humanos, agrega valor ao profissional, visto que há um enfoque na prática do cotidiano. A relação custo-benefício tem se tornado tão favorável que o número de empresas que oferecem auxílio no pagamento destes cursos a seus colaboradores cresceu.

O gerente de recursos humanos da Intelbras, Marciel Linhares Marciel, avisa: ter algum curso de especialização ajuda o profissional a possuir uma visão mais sistêmica sobre a realidade e os processos nos quais se especializa. Contudo, não substitui o embasamento e a experiência profissional. “Não selecionamos candidatos pelo fato de ter ou não MBA”, garante Marciel.