Melasma: conheça 7 opções de tratamentos

Sardinhas e pintas na pele do rosto podem até ser charmosas e atualmente até existem maquiagens que dão esse efeito na pele. No entanto, algumas manchas mais visíveis, como o melasma costumam causar muito incômodo. “Elas são manchas acastanhadas que não coçam ou doem, não são uma doença, mas podem afetar a autoestima de quem a apresenta”, ressalta a dermatologista Denise Steiner, doutora em dermatologia pela Universidade de Campinas (Unicamp) e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Estima-se que 10% da população mundial apresente o problema, que é mais comum em mulheres adultas. No entanto, esse número pode ser maior aqui no Brasil, principalmente devido à miscigenação, que torna mesmo as peles mais claras mais sujeitas à pigmentação.

Não se sabe ao certo o que causa o melasma, mas alguns fatores certamente estão relacionados ao problema. “O sol está sempre envolvido no aparecimento do melasma, já que é ele que superestimula as células produtoras de pigmento”, explica o dermatologista Abdo Salomão, membro da SBD e da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia (SBLMC). “Sabemos também que esse tipo de mancha é mais frequente em gestantes, mulheres que fazem uso de pílulas anticoncepcionais de alta dosagem, profissionais de solda e pessoas que ficam muito próximas à luz de lâmpadas”, enumera o especialista. Agressões a pele, como depilação, queimaduras solares ou peelings agressivos também pode desencadear o problema, e fatores como estresse e cansa.

No caso das mulheres, o mais provável é que os hormônios femininos tornem a pele mais suscetível a essas alterações, tanto que elas podem conversar com seus ginecologistas sobre seu tipo de anticoncepcional e até mesmo ver se vale a pena a troca pelo DIU.

O melasma pode ser tratado, mas infelizmente não é possível prometer melhora completa. “Alguns pacientes até conseguem eliminar o problema completamente, mas a maioria consegue boas melhores, mesmo que não 100%”, frisa Denise Steiner. Tudo depende de diversos fatores do paciente. A seguir, entenda melhor as diferentes possibilidades de tratamento.

Cremes de melasma

O tratamento com cremes é o carro chefe entre as opções contra o melasma, normalmente aliados aos procedimentos, como laser e peeling. De modo geral, o tratamento com os cremes é mais duradouro. “Ele costuma ter uma fase de ataque, que dura 45 dias, e outras de manutenção, de no mínimo quatro meses”, calcula o dermatologista Abdo Salomão.

Hidroquinona

Uma das substâncias que pode ser utilizada para clarear o melasma é a hidroquinona. “Ela é usada em concentrações de 4 a 5% e age diretamente no melanócito (célula produtora de melanina)”, descreve Denise Steiner. O único problema desse tratamento é que ela pode ser tóxica ao organismo quando usada de forma prolongada, sendo eficaz normalmente por três meses, e depois sendo substituída, mesmo que temporariamente, por outros ativos

Ácidos

Os ácidos são ativos também muito usados para o tratamento do melasma combinados com os cremes. “O ácido kójico, ácido retinoico, ácido glicólico e o ácido ascórbico (vitamina C) são muito usados e podem promover um ótimo clareamento”, enumera a dermatologista.

Além disso, o ácido tranexâmico tem sido uma opção ainda estudada, mas com alto potencial, que pode ser aplicada em cremes em concentração de 3%, injetada na pele ou mesmo ingerida. “No entanto, ele ainda não tem aprovação para ser usado para esse tipo de tratamento, isso ainda está sendo pesquisado e protocolado”, ressalta a especialista.

Fitoterápicos

Alguns fitoterápicos, princípios ativos derivados de plantas, também estão em estudo para serem usados no combate ao melasma. Uma dessas substâncias é o polipodium leucotomas, que pode proteger a pele da influência da luz. “Ele é antioxidante, anti-inflamatório e tem ação protetora da pele, sendo usado por pessoas com doenças dermatológicas relacionadas à luz”, explica Denise.

O consumo de substâncias antioxidantes, como o pycnogenol, extraído da cortiça do pinheiro-marítimo, e o pomegranate, retirado da romã, também ajudam a clarear a pele e podem ser indicados por alguns dermatologistas.

Peeling para melasma

Peelings são procedimentos químicos que desgastam a pele, promovendo sua renovação, o que traz uma pele mais jovem, firme e com coloração mais uniforme, ou seja, o que pode fazer com que as manchas do melasma sejam amenizadas. No entanto, é preciso ter muito cuidado com a escolha do tipo de peeling. “Os mais profundos agridem muito a pele, causando processos inflamatórios que levam ao rebote, ou seja, o retorno das manchas, já que as inflamações estimulam as células a produzirem mais melanina”, explica o dermatologista Abdo Salomão.

“Normalmente fazemos peelings com ácido retinóico, alfahidroácidos (como o ácido mandélico e o ácido glicólico) e resorcinol em 30%”, lista Denise Steiner. Eles agem na pele apenas superficialmente. Normalmente são feitas de quatro a oito sessões com intervalos de 15 dias. Mas sempre há a possibilidade das manchas voltarem.

Lasers para o melasma

Os lasers são considerados uma opção mais segura para o melasma, mas é claro que depende da técnica. “Ele costuma a agredir menos a pele do que os peelings, causando menos rebote”, explica o dermatologista Abdo Salomão. Veja os tipos de luzes mais usadas.

Laser Q-Switch

Inicialmente os lasers não eram considerados interessantes, pois a luz produz calor, um fator que costuma desencadear o aparecimento de melasmas. Hoje, no entanto a tecnologia de laser Nd Yag Q-Switched permite um tratamento mais seguro. “Ele é um laser que tem fluência baixa e pulso rápido, dessa forma a energia é depositada na pele de forma leve e ágil, o que não produz muito calor, mas destrói a melanina”, descreve Denise Steiner.

Normalmente são indicadas no mínimo oito sessões para esse tratamento, que podem ser feitas semanalmente. “A partir da quarta sessão já é possível perceber resultados nas manchas”, conta Salomão. Normalmente, após cada sessão, a região em que o laser é aplicado fica um pouco rosada, sem descamar.

Luz intensa pulsada

A luz intensa pulsada é um tratamento semelhante ao laser que já foi bastante usado para tratar o melasma. “Ela é uma luz menos específica que o laser, sendo mais dispersa”, explica Denise Steiner. No caso do tratamento do melasma em si, ela oferece uma amplitude bem grande para o tratamento, no entanto, hoje vem sendo deixada de lado. “O problema da luz intensa pulsada é que apesar de clarear a pele rapidamente, depois ela dá um efeito rebote que pode até aumentar a intensidade das manchas em alguns casos”, ressalta Salomão. Isso ocorre por que essa tecnologia esvazia o melanócito (célula que pigmenta a pele) muito rápido, o que causa um processo de inflamação, como ensina o especialista. Atualmente esse tratamento pode até ser usado em casos de melasma, mas vem sendo cada vez mais substituído pelas novas tecnologias de laser.

Evite que o melasma volte

Uma limitação existente no tratamento do melasma é que as técnicas utilizadas amenizam apenas as manchas, que são parte do problema, mas não agem sobre a produção excessiva de melanina. “A célula doente permanece na pele, trazendo consigo a tendência a desenvolver mais marcas”, ressalta o dermatologista Salomão. Para tentar evitar o problema o máximo possível, é importante tomar cuidado principalmente com a exposição solar.

Uma das formas de fazer isso é com o uso regular de protetor solar, que também é considerado parte do tratamento. “O ideal nesses casos é o uso do filtro físico, aquele que tem cor e por isso cria uma barreira física contra os raios UV, refletindo-os”, explica Denise. Esses são aqueles protetores mais antigos, que costumavam formar uma crosta branca na pele. “Mas hoje, é possível encontrar esse tipo de protetor no tom da sua pele, funcionando como uma base”, pontua a especialista.

Além disso, ainda está sendo investigado o papel da luz visível no surgimento dos melasmas. Portanto, é importante o uso do protetor até mesmo dentro de ambientes fechados, ainda mais para quem se expõe à computadores e luzes brancas.