Meio ambiente: Complexo lagunar pede socorro!

Amanda Menger
e Zahyra Mattar

Laguna

As cheias dos últimos meses modificaram as características das águas das lagoas Santo Antônio dos Anjos, Mirim e Imaruí. O complexo lagunar recebe as águas provenientes do Rio Tubarão e seus afluentes. Com isso, ocorre a descarga de diversos materiais, como galhos, folhas, e também areia e outros poluentes.
“A lagoa está diferente. O índice de sal diminuiu muito porque o volume de água doce é muito grande. Com a desalinização, as espécies típicas, como camarão, não se desenvolvem, escondem-se ou mesmo são levadas para o alto mar. Isso provoca um sério problema econômico, mas os efeitos ambientais também são grandes”, aponta o biólogo José Antonio da Silva Santos, presidente do Instituto Ambiental Boto Flipper, em Laguna.

Além de um trabalho de conscientização ambiental, o instituto realiza, em parceria com a Fundação Municipal de Meio Ambiente (Flama) e o Ministério do Meio Ambiente, uma pesquisa sobre a sedimentação e a qualidade das águas da lagoa. “Este estudo ainda não está concluído, mas a situação que encontramos nos preocupa muito”, afirma José Antônio.

Segundo o biólogo, o estado é pior nas lagoas do Mirim e de Imaruí. “Porque a quantidade de sal e de oxigênio nestas lagoas é menor. Na lagoa Santo Antônio dos Anjos, a barra possibilita a entrada do mar e a troca das águas, a salinização e também a oxigenação”, observa.
Para amenizar a situação nas outras lagoas, é necessário um trabalho de infra-estrutura. “É o que esperamos que ocorra com a construção da nova travessia do canal de Cabeçudas. O Departamento Nacional de Infra-estrutura (Dnit) disse que serão feitos canais na parte onde está o aterro da atual ponte”, afirma José.

Ações de dragagem e despoluição

Para revitalizar as águas das lagoas de Santo Antônio dos Anjos, Mirim e Imaruí, é necessário um trabalho conjunto e que envolva toda a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão. Isso porque tem que acabar com as causas da poluição. Uma das principais é a falta de tratamento de esgoto.

“Laguna faz a sua parte. As obras para a instalação da estação de tratamento de esgoto começam no próximo ano. Temos um convênio com a Casan de gestão compartilhada e conseguimos R$ 4 milhões de recursos provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do saneamento básico. Mas isso de nada vai adiantar se os outros municípios não tratarem os seus esgotos, porque eles continuarão a ser lançados no Rio Tubarão e a lagoa receberá tudo por ser a foz do rio”, adverte o prefeito reeleito de Laguna, Célio Antônio (PT).

Outro problema que o complexo lagunar enfrenta é o assoreamento. A lâmina de água da lagoa está muito baixa. “Tem trechos que é possível atravessar a lagoa Santo Antônio dos Anjos com água, no máximo, no joelho”, afirma o delegado do Sindicato da Pesca (Sindipesca) na Amurel, Gilberto Fernandes da Silva. Esse assoreamento é proveniente dos resíduos que se depositam na lagoa e são trazidos pelas águas do Rio Tubarão.

Para resolver o problema de assoreamento, há também um projeto de retificação da barra. “Já conseguimos R$ 300 mil para uma primeira parte. Vamos licitar em breve para dessassorear o porto antigo de Laguna, na parte das docas. Conseguimos com a Secretária Nacional de Aquicultura e Pesca (Seap) uma draga de pequeno porte para fazer alguns trabalhos pontuais, de limpeza nas áreas os pescadores estão. Isso faz parte de um projeto da prefeitura de construção de trapiches na lagoa”, revela o prefeito.