Luciano Hang, dono da Havan: ‘Temos que bater palma quando alguém compra um avião, mas no Brasil a inveja é triste’

Quem será, hein? Sapatênis amarelo, de cadarço colorido, calça jeans, moletom verde, antenado no celular… Parece um torcedor da Seleção Brasileira, mas é Luciano Hang, 56 anos, que ganhou nas redes sociais o apelido de ‘Véio da Havan’.

Um grande apoiador do governo de Jair Bolsonaro, o empresário dono da rede de lojas de departamentos Havan, com 126 estabelecimentos espalhados pelo país, deu entrevista à BBC News Brasil nas roupas que viraram seu uniforme desde o ano passado, quando começou a fazer campanha para o então candidato do PSL.

Com postagens que alcançaram mais de 80 milhões de pessoas em 2018, segundo seus próprios números, ele se tornou uma das principais vozes pró-Bolsonaro. Na internet, Hang foi ganhando popularidade com vídeos bem humorados – o início desta reportagem é uma referência a um deles, em que responde à alcunha de ‘Véio’ dada por seus críticos.

Nas imagens, a câmera vai subindo dos sapatos de Hang até seu moletom, enquanto uma assessora descreve o vestuário peça por peça antes de concluir: “Parece um jovem”. Então o empresário abaixa o capuz, sorrindo, e completa a frase: “Mas é o Véio da Havan!”. “Eu acho o máximo”, ele diz sobre o apelido. “Vivo 24 horas pensando em propaganda, então tudo o que fizeram para nós durante a campanha conseguimos inverter.”

“De um limão”, continua o entrevistado, “fizemos uma limonada”. A mesma animação é adotada ao falar da previsão de crescimento de 65% num ano em que a economia “está parada”: “a Havan anda na contramão do PIB”. E a citar a gestão Bolsonaro: “Tudo o que ele fez até agora eu assino embaixo.”

As críticas do empresário ficam por conta da ideologia “comunista” que teria dominado o País – mas que não impediu Hang de entrar na lista de bilionários da Forbes em 2019. Se não fosse um país comunista, diz, o Brasil “deveria ter milhares de bilionários”.

Tal ideologia também contaminaria a gestão ambiental brasileira, na qual são usados argumentos como aquecimento global – que ele diz não existir – para justificar a inveja de quem é rico.  “Essa inveja funciona assim: eu não posso ter um helicóptero, então não deixa fazer helicóptero, eu não posso ter um apartamento de frente para o mar, então não deixa fazer prédio de frente para o mar”, afirma.

Hang, que recentemente comprou um dos maiores jatos do mundo, no valor de R$ 250 milhões, diz que deveríamos “bater palma quando alguém compra um avião”, mas essa postura não é comum por aqui. “É aquilo que eu te falei para ti na frase do Tom Jobim: fazer sucesso no Brasil é uma ofensa pessoal. A inveja é triste.”

Foto: BBC/Felix Lima / BBC News Brasil