Lei Seca: Um ano e parece que o medo passou

Cíntia Abreu
Tubarão

A palavra morte, geralmente, causa medo, sensação de perda e insegurança. As teorias existem. Há quem diga que as pessoas têm uma missão e, findada a caminhada, partem. Também existem os que não acreditam em nada disso, e têm a visão da morte como algo ruim, um castigo de Deus.

Quando a perda é inesperada, a dor parece ser sem fim. Acidentes de trânsito são exemplos de tragédias que levam entes queridos ‘de uma hora para outra’. Muitas vezes eles são vítimas de pessoas que gostam da ‘brincadeira’ sem graça de aliar álcool à direção.

Sábado, fez um ano que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 11.705, a ‘Lei Seca’, que determina infração gravíssima dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que cause dependência. Com previsão de multa, suspensão da carteira de habilitação do condutor do veículo e até prisão.

Apesar de a lei estar há um ano em vigor, e os órgãos competentes trabalharem para que o número de incidentes seja cada vez menor, a irresponsabilidade, muitas vezes, supera as regras. Os filhos da família Baggio, de Braço do Norte, por exemplo, lamentam que o causador da morte do patriarca esteja solto, apesar de ter sido condenado pela imprudência.

A filha de Batista Turazzi Baggio, Flávia Baggio, 21 anos, conta que o pai fazia planos. “Ele faleceu aos 43 anos, e sempre nos falava que, depois da aposentadoria, iria começar a aproveitar a vida”, relata Flávia, que hoje auxilia os dois irmãos na administração da agropecuária do pai.

Flávia ficou surpresa pelo fato do motorista da Toyota Hilux que se chocou com o Vectra de seu pai, em 6 de setembro de 2008, já estar em liberdade. “Ficamos sabendo que, pelo fato dele ter residência fixa e ser réu primário, tem o direito de responder em liberdade”, lamenta Flávia.

Apesar do que pensam, as fiscalizações continuam
A partir do momento em que a lei foi modificada, pois, anteriormente, o Código de Trânsito Brasileiro tolerava no teste do bafômetro a presença de até 0,30 miligramas de álcool por litro – 0,6 gramas de álcool por litro de sangue -, existiu uma grande polêmica sobre as suas regras. Até a mídia criou propagandas alertando os motoristas sobre o perigo de beber antes dirigir.

Na opinião do chefe da 2ª delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Tubarão, Lauro Silveira Filho, apesar de observar que os acidentes relacionados a embriaguez diminuíram, as normas já caíram no esquecimento. “No início, sentíamos o receio dos motoristas. Hoje, percebo que muitos acham que a fiscalização é pouca. Continuamos com o mesmo trabalho”, salienta Silveira Filho.

Segundo o chefe da 2ª delegacia na região da Amurel, de 8 de março a 10 de maio de 2009, 41 pessoas alcoolizadas foram notificadas pela PRF de Tubarão na BR-101. Neste período, 1,7 mil testes de bafômetro foram realizados. “O que realmente assusta é valor da multa. São R$ 957,70”, constata Filho.