Justiça quebra sigilo e bloqueia bens do bicheiro

Carlos Cachoeira é apontado como um dos cabeças em um esquema de tráfico de influência em Brasília.
Carlos Cachoeira é apontado como um dos cabeças em um esquema de tráfico de influência em Brasília.

Brasília (DF)

A 5ª vara do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) bloqueou os bens do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, do ex-diretor da construtora Delta Claudio Abreu e de outras seis pessoas denunciadas por formação de quadrilha e tráfico de influência. Todos foram acusados de tentar fraudar licitação no DF.

A justiça também autorizou a quebra dos sigilos bancários e fiscal dos oito envolvidos e da Delta. A decisão judicial ocorre em processo judicial decorrente da Operação Saint-Michel, deflagrada no dia 25 do mês passado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil do Distrito Federal.

A ação foi um desdobramento da Operação Monte Carlo, na qual Cachoeira foi preso no fim de fevereiro e acusado de exploração de jogo ilegal. Na investigação do DF, o grupo ligado a Cachoeira foi acusado de tentar fraudar a licitação da bilhetagem eletrônica no transporte público do Distrito Federal.

O ex-diretor da Delta, Cláudio Abreu foi preso. Ele estava afastado do cargo na construtora desde a revelação de ligação com Cachoeira. A quebra de sigilo determinada pela justiça do Distrito Federal abrange dados das contas correntes e declarações de Imposto de Renda dos investigados a partir de janeiro de 2009 até os dias atuais.

Depoimento à CPI

Carlinhos Cachoeira é esperado amanhã para prestar depoimento à CPI criada no congresso para investigar as relações dele com empresários e políticos. Na última sexta-feira, seu advogado, Thomaz Bastos, entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para adiar o depoimento. A decisão está nas mãos do ministro Celso de Mello.
A defesa argumenta que Cachoeira não pode depor antes de ter acesso aos documentos em poder da CPI. “Ele tem o direito de não falar, para não produzir provas contra si”, explica o advogado.
Ele afirmou que reúne-se hoje com Cachoeira na Penitenciária da Papuda, em Brasília, onde ele está preso, para avaliar a melhor estratégia a ser adotada durante o depoimento.