Indústria do álcool: Crise pode afetar a produção e a oferta

Zahyra Mattar
Tubarão

Pelo menos 6% dos canaviais ou 29,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar deixaram de ser colhidas no centro-sul do país, a principal região produtora. A sobra de 330 mil hectares de cana em pé é um dos efeitos da desaceleração dos investimentos no setor, provocada pela crise financeira internacional.
No interior de São Paulo, pelo menos dez usinas que deveriam entrar em operação este ano não ficaram prontas. Em Mato Grosso do Sul, dos 43 projetos com operação prevista até 2018, cerca de 20 já sofreram corte de recursos.

Tudo pode parecer bem distante para o consumidor da Amurel, mas não é. A falta da base para a produção do álcool combustível pode afetar o mercado de todo o país, inclusive o da região, cujo consumo deste tipo em específico de combustível é grande, dada a quantidade de carros flex em circulação.
Conforme esclarecimento do Sindicato dos Petroleiros de Santa Catarina, o momento é de cautela, mas as expectativas, para 2009, são de melhora no setor, pego em uma situação de baixo preço do açúcar no mercado internacional, baixa demanda para exportação de etanol e um nível de investimento altíssimo, feito com recurso de curto prazo.

Os juros altos também são um problema a ser transposto. Com a escassez de crédito, a usina ficou sem caixa para tocar os negócios. Em quase todas as regiões produtoras, concentradas na maioria no sudeste brasileiro, houve atraso no pagamento de fornecedores. Apesar de quatro grupos usineiros já terem requerido a recuperação judicial, não se acredita em “quebradeira generalizada ou aumento no preço do combustível”, avalia o sindicato.