Giro pelo Brasil: Pais de Ágatha fazem apelo a Witzel: ‘mude sua política de atirar’

Os pais de Ágatha Vitória Félix, de 8 anos, morta durante uma operação da polícia no Complexo do Alemão (RJ), falaram pela primeira vez em rede nacional, nesta terça-feira (24/9). Abalados, Vanessa Sales e Adegilson Lima contaram detalhes do momento em que a menina foi atingida e desabafaram sobre a falta de segurança nas favelas cariocas.

Segundo os pais de Ágatha, a família pensava em se mudar do Complexo do Alemão por causa da violência. Chorando, Adegilson pediu ao governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel que mude sua política de segurança pública. “Mude essa sua política de atirar. O que aconteceu com minha filha pode acontecer com qualquer um”, disse o pai.

Ao lado do marido, Vanessa contou como Ágatha foi atingida com um tiro de fuzil na última sexta-feira (20).“Éramos oito pessoas na kombi, saíram seis. Uma pessoa foi abrir a mala e eu coloquei a Ágatha ao meu lado quando (ouvi) o barulho muito forte. E ela ‘mãe, mãe, mãe’, e eu, ‘calma, filha, já passou’. Eu achei que ela estava só assustada”, detalhou Vanessa, chorando.

A mãe conta que não percebeu imediatamente que a menina tinha sido atingida. Segundo ela, as duas ficaram abaixadas após ouvir os tiros, até que se atentou que Ágatha não se mexia. “Não acreditei no que estava acontecendo na minha vida naquele momento. Era o que eu mais temia”, relembra. “Eu não estava acreditando porque minha filha era perfeita, estudiosa, era obediente, eu admirava a obediência dela”.

Vanessa contou ainda detalhes da rotina de violência no Complexo do Alemão. “Teve um dia que a gente se escondeu no box do banheiro. Eu peguei um edredom e um travesseiro. E duas vezes naquela semana ela ficou muito assustada e me abraçou muito forte. A gente não entende na hora”, contou Vanessa. “Ficamos abraçadas durante um tempo. E foram muitas horas. Hoje (o tiroteio) dura muitas horas”, desabafou.

Visivelmente abalada, com as mãos trêmulas, a mãe relatou que a filha gostava das aulas de dança e xadrez, e que nos últimos dias sonhava com uma coisa muito simples, uma revista da Turma da Mônica Jovem.