Flanelinhas em ação: Cidadãos reclamam de extorsão

Zahyra Mattar
Tubarão

Nada de moedas ou uma nota de R$ 1,00. Eles exigem pelo menos R$ 2 ,00 para dar uma “olhadinha” no seu carro. A ação dos flanelinhas em frente às lanchonetes, boates, formaturas e outros eventos noturnos é algo que extrapola o bom senso e tira o motorista do sério. Para não ter o veículo estragado, a grande maioria cede à extorsão e paga para não se incomodar.
Os valores cobrados às vezes ultrapassam R$ 5,00, dependendo do local em que está estacionado e do evento que ocorre no momento. Alguns chegam até mesmo a pedir o pagamento antecipado, como uma promoção.

Não faltam exemplos e provavelmente todos que frequentam a noite tubaronense e estão de carro já passaram por situações adversas, impostas por estes afinados ‘trabalhadores’, sem generalizar, é claro. “Se deixo o meu carro na rua é porque não quero pagar estacionamento ou porque não tem vaga. Ainda assim, me sinto intimidada com os flanelas. Eles exigem o pagamento e, se você dá uma moedinha, reclamam e xingam”, desabafa uma motorista.

No caso dela, a situação ocorreu neste fim de semana, em uma formatura. O carro ficou na rua e não demorou segundos para ser interpelada pelo ‘trabalhador’ da noite. “Não tinha trocado, entreguei algumas moedas e, literalmente, saí correndo porque o cara começou a me xingar. Tinha uma expressão ameaçadora. Fiquei com medo de ser atacada”, lamenta.

Na verdade, este tipo de ação é crime contra a liberdade individual, contra o patrimônio, ameaça e constrangimento. O mais correto é o motorista chamar a Polícia Militar ou a Guarda Municipal e depois registrar um boletim de ocorrência. “Não tenho coragem de chamar a polícia. E se ele (o flanelinha) me reconhecer em outra oportunidade? Pode me atacar ou destruir o meu carro. O prejuízo será meu”, argumenta a motorista.

Guarda Municipal tenta coibir e
identificar a ação dos profissionais

Quem costuma sair durante a noite, certamente, já se viu forçado a pagar o valor estipulado pelos flanelinhas, que geralmente não cuidam dos carros e intimidam as pessoas, que não vêem outra alternativa a não ser pagar por um serviço sem o mínimo de segurança e responsabilidade.
Nos eventos, principalmente à noite, e agora, época em que o centro fica cheio de consumidores por conta das festas de fim de ano, o problema aumentou consideravelmente. O número de reclamações junto à Guarda Municipal (GM) também. Tanto que um trabalho de identificação dos flanelinhas e coibição da ação deles foi iniciado pela GM.

De qualquer forma, a falta de denúncias não ajuda no trabalho. “A ação dos flanelinhas é um crime previsto em lei. Mas só podemos fazer algo quando há uma denúncia formalizada. Inclusive, a representação é uma obrigação exigida na própria lei. Não podemos tirar a pessoa da rua porque, aparentemente, ela não está fazendo nada errado”, explica o diretor da GM de Tubarão, Adailton do Livramento.

O diretor salienta que os eles não podem cobrar por um espaço que é público. “Ao cobrar, ele coíbe o direito de ir e vir do cidadão. Isso é o tipo de coisa que deve ser registrado na polícia e o flanelinha, com isso, pode ser enquadrado. A denúncia verbal ajuda para que ações de coibição sejam feitas e não para punição. Neste caso, é preciso fazer o registro”, lamenta Adailton.