Família moderna: Genro e sogra: uma relação inusitada

Cíntia Abreu
Tubarão

As pessoas são mais propensas a demonstrar a gratidão quando recebem um grande favor. Dentro deste contexto, ouve-se muito a frase: “Não tenho como agradecer o que você fez por mim”. E, quando a gratidão vem de um ex-genro, a situação é ainda mais atípica, já que culturalmente a relação com a sogra nem sempre é vista com bons olhos.

O gerente comercial Giovane Paes soube exatamente como ‘pagar’ a sua sogra pelos anos de dedicação aos dois netos, Bruno e Bruna, hoje com 20 e 18 anos, respectivamente. Após dez anos separado da filha de dona Maurília João, ele trouxe a sogra de Jaguaruna para morar com ele, em Tubarão. “Há dois anos, minha ex-mulher mudou-se para Blumenau e dona Maurília não quis acompanhá-la. Então, resolvi trazê-la para cá”, conta Giovane.

A senhora de 94 anos, completados no mês passado, tem problemas de visão e, por isso, não poderia morar sozinha. Além disso, ela tem medo da solidão. “Eu não quis ir para Blumenau e na casa de minha irmã, em Criciúma, eu só iria atrapalhar”, argumenta dona Maurilia, que, com graça, reclama da localização da casa do “quase filho”, no bairro Vila Moema. “Aqui, tenho que subir muitos morros para chegar até a igreja. Em Jaguaruna, era mais fácil”, compara.
Giovane afirma que tem muito carinho pela ex-sogra, já que foi ela quem cuidou de seus filhos após a separação. “Ela nunca os deixou de lado. Meu filho mais velho sempre teve a saúde mais debilitada. Hoje, está curado, as ‘receitas’ da avó o auxiliaram muito”, observa.

Um presente de grego e de sogra
Católica dedicada, dona Maurília ouve todos os dias a missa e já reservou um lugar especial para o ex-genro, depois que os dois morrerem. “O pessoal em Jaguaruna ri muito do presente dela e diz que minha casa no céu terá uma sacada especial, já que eu zelo por ela”, acrescenta Giovane. O seu corpo será enterrado ao lado da sogra, no cemitério de Jaguaruna. Dona Maurília teve a preocupação de comprar um túmulo para presenteá-lo.