Faesc reivindica política especial para o leite em Santa Catarina

#PraCegoVer Na foto, uma vaca leiteira
O uso obrigatório de leite e derivados de origem nacional em programas sociais está entre as reivindicações da Faesc - Foto: Julio Cavalheiro | Governo de Santa Catarina | Divulgação

O universo do leite é influenciado por vários fatores como mercado, clima, sanidade, insumos, energia, mão de obra, regime tributário e políticas públicas, por exemplo. Nesse momento, em Santa Catarina e no Brasil, a produção de leite caiu em consequência das últimas secas que atingiram o Sul do país, enquanto os custos para os produtores rurais estão muito elevados. Há menos leite para as indústrias processarem e menos produtos ofertados no mercado. Pelos efeitos da lei da oferta e da procura, os consumidores pagam mais caro pelo leite e praticamente todos os seus derivados. E essa situação deve perdurar por mais alguns meses, até que se regularize o fornecimento de matéria-prima aos laticínios, prevê o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo. Outros fatores também interferem nesse delicado mercado. A pandemia mundial da Covid-19, por exemplo, desorganizou importantes cadeias produtivas, entre elas a dos produtos lácteos.

A inflação brasileira e a escassez de muitos insumos, especialmente o milho e o farelo de soja, tornaram a produção no campo e na indústria mais cara. Atualmente, toda a cadeia produtiva trabalha com prejuízos e muitas propriedades rurais dedicadas à produção leiteira ficaram inviabilizadas. Com isso, a captação de leite no campo reduziu muito, enquanto o preço da matéria-prima subiu. O IBGE calculou que a produção de leite em 2021 caiu 2% no Brasil, reduzindo a disponibilidade per capita para processamento industrial. Alia-se a isso a atual entressafra no Sul do Brasil e a diminuição de volume ofertado no sudeste e centro-oeste, as maiores bacias leiteiras brasileiras. Nesse cenário de pouca oferta e custos em ascensão, os preços de varejo subiram em todo o país desde março.

Pedrozo assinala que os produtores e os laticínios – mesmo com os atuais preços no varejo – não conseguem repassar integralmente os custos ao preço final. “O consumidor rejeita preços elevados e deixa de comprar. Infelizmente, ocorre uma queda geral no rendimento das famílias. A inflação e o desemprego impactaram negativamente no poder de compra dos brasileiros”, assinala. O dirigente alerta que a atividade leiteira tem grande papel social e econômico porque é a única que proporciona renda mensal às famílias rurais – portanto é prioridade protegê-la. Pedrozo defende que a saída racional para as crises cíclicas que afetam a cadeia de lácteos é a exportação. “Precisamos obter renda em dólar para melhor remunerar produtor e indústrias e, com o efeito cambial, repor os custos e as margens de rentabilidade”, argumenta.

Nesse sentido, a Faesc e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Santa Catarina (Senar SC) investem fortemente em capacitação e treinamento para qualificar os produtores à exportação por meio da assistência técnica e gerencial (ATeG) em bovinocultura de leite. Paralelamente, o presidente da Faesc defende uma política de apoio ao setor que inclua medidas articuladas entre os governos da União e dos Estados para estimular, simultaneamente, a produção e o consumo, abrangendo a redução da tributação, empréstimos do Governo Federal para o leite, combate às fraudes, criação de mercado futuro para as principais commodities lácteas, manutenção de medidas antidumping e a consolidação da tarifa externa comum em 35% para leite em pó e queijo.

Fonte: Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina
Edição: Zahyra Mattar | Notisul

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