Estudo mostra filhos de pais com depressão com estrutura cerebral diferente

Os cérebros de crianças com alto risco de ter depressão pelo fato de os pais já apresentarem o quadro são estruturalmente diferentes dos cérebros de outras crianças. É o que mostra um recente estudo da Universidade de Columbia, em Nova York (EUA), publicado no Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry.

Os pesquisadores analisaram imagens de ressonância magnética de mais de 7.000 crianças com 9 e 10 anos. Cerca de 1/3 delas tinham pais com depressão. Nesses casos, uma estrutura cerebral chamada putâmen —localizada na base da parte frontal do cérebro e ligada a recompensa, motivação e experiência de prazer— era menor do que em crianças com pais sem histórico de depressão.

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Pesquisas anteriores já vincularam um volume menor de putâmen a uma capacidade reduzida de experimentar prazer, o que pode implicar em depressão, uso de drogas, psicose e comportamentos suicidas.

A pesquisa apontou então que filhos de pais com depressão têm de duas a três vezes mais chances de desenvolver transtorno depressivo do que filhos sem histórico de pais depressivos. Os pesquisadores ressaltaram, no entanto, que os mecanismos cerebrais por trás desse risco familiar ainda são incertos.

O líder do estudo, David Pagliaccio, professor assistente de neurobiologia clínica, disse que entender as diferenças nos cérebros de crianças com riscos familiares pode ajudar a identificar aquelas com maiores chances de desenvolver depressão e levar a um tratamento mais efetivo.

“Como as crianças serão acompanhadas por 10 anos, durante um dos maiores períodos de risco [a adolescência], temos uma oportunidade única de determinar se os volumes reduzidos de putâmen estão associados à depressão especificamente ou a distúrbios mentais em geral”, disse Pagliaccio no comunicado à imprensa.