Esposa de Milton Ribeiro diz que ex-ministro, no dia da prisão, ‘estava sabendo’ da operação da PF

Myrian Ribeiro, esposa doex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, disse em um telefonema interceptado pela Polícia Federal que no dia da prisão, na quarta-feira, 22 de junho, ele já “estava sabendo” da operação da PF, mas não queria acreditar. O trecho da ligação que consta nas investigações foi divulgado pelo jornal O Globo.

Em um telefonema realizado no dia em que Milton Ribeiro foi preso, Myrian Ribeiro, afirmou a um interlocutor que: “No fundo não queria acreditar, mas ele tava sabendo. Pra ter rumores do alto, a coisa… é porque o negócio já tava certo”.

O diálogo, para os investigadores, reforça as suspeitas de um possível vazamento da investigação, já que em uma outra conversa, também divulgada pela imprensa, e realizada no dia 9 de junho, o ex-ministro disse a filha que teria conversado com o presidente Jair Bolsonaro(PL) e que ele teria dito que achava que o aliado seria alvo de buscas.

O áudio desta outra conversa foi divulgado também na sexta-feira (24) pela GloboNews. Na gravação Milton diz a filha que Bolsonaro o alertou sobre uma operação que a PF faria contra ele. De acordo com a GloboNews, a conversa com a filha ocorreu 13 dias antes da operação da PF.

PRISÃO E ACUSAÇÕES

Na última quarta-feira (22), o ex-ministro foi alvo da Operação “Acesso Pago” deflagrada pela Polícia Federal. Ele  foi preso preventivamente, mas foi solto após uma decisão de um desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Como Ribeiro não está mais no comando do MEC (ele ficou de 2020 a março de 2022), o caso tramitava na primeira instância da Justiça Federal do Distrito Federal, mas, o Ministério Público Federal, aponta que houve indícios de vazamento da ação e possível “interferência ilícita” por parte de Bolsonaro. Logo, há uma pedido para que o processo volte ao Supremo Tribunal Federal (STF).

As suspeitas são de que Milton teria aberto espaço para que pastores aliados atuassem junto a prefeituras na liberação de verbas públicas da educação. Isso, sobretudo, com relação ao dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Milton é investigado por suspeita de corrupção passiva; prevaricação (quando um funcionário público ‘retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício’); advocacia administrativa (quando um servidor público defende interesses particulares junto ao órgão da administração pública onde trabalha); e tráfico de influência.

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Fonte: Diário do Nordeste