Especial Walmor Silva: Colegas enfrentam o estúdio vazio

Amanda Menger
Tubarão

Chegar aos estúdios da rádio Bandeirantes AM 1090 de Tubarão, por volta das 7 horas, tem sido difícil para os funcionários da emissora. Não é para menos. Neste horário, Walmor Silva acompanhava o radialista Salmon Flores na apresentação do Jornal Gente. Porém, há uma semana, quando se preparava para voltar das férias, a voz de Walmor calou-se. Ele sofreu um infarto e faleceu quando era conduzido ao Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), em Tubarão.

Para Salmon, a “ficha” ainda não caiu. “Eu não assimilei a partida dele. Horas antes de falecer, ele deixou um recado para mim que no dia seguinte estaria de certeza na rádio para voltar a trabalhar. Ele ficou dois meses de férias. Teve que se afastar do rádio no fim do ano passado para cuidar da saúde. É uma falta imensa”, conta.
Salmon, além de companheiro de trabalho, era também compadre de Walmor. “Tínhamos uma convivência familiar. Trabalhei durante muitos anos com ele, na época da Tabajara, e quando me convidaram para voltar à emissora ele é que me convenceu. Mesmo com as mudanças na programação da rádio, todos contavam com a participação dele”, afirma o radialista.

Outro colega que tem sentido muito a falta de Walmor é o jornalista Ênio Batista. “Tem sido muito triste. Foi na semana que recomecei na rádio e não encontrá-lo foi difícil. Quando trabalhei com ele, de dezembro de 2005 até fevereiro de 2007, a convivência foi ótima. Costumávamos brincar. Quando eu fazia alguma crítica e ele não gostava, olhava-me com cara feia e eu dizia no ar que ele estava chutando a minha canela. Era uma pessoa formidável”, emociona-se Ênio. A missa de sétimo dia está marcada para hoje, às 19 horas, na Igreja Matriz São José Operário, em Oficinas.

Um apaixonado pelo esporte

Walmor Silva trabalhou por quase 60 anos como radialista. O primeiro trabalho foi na rádio Difusora, em Laguna, como repórter esportivo. Aliás, o futebol sempre foi uma paixão para o radialista. Ele foi repórter, narrador e depois comentarista esportivo. Muitos profissionais de hoje começaram ou trabalharam com Walmor no esporte.

“Trabalhei diretamente com ele entre 1970 e 1974, na rádio Tabajara, hoje Bandeirantes AM. Na época, ele era um dos sócios junto com o empresário Haroldo Fernandes. Já era profissional e fui trabalhar como repórter de campo com ele. O que mais me impressionava era a calma de Walmor. Ele tinha uma paciência muito grande, criticava os erros, mas também sabia elogiar”, relata o radialista Arilton Barreiros, da rádio Santa Catarina.

Outro que tem boas histórias para contar de Walmor Silva é o narrador Danei Tártari, da Bandeirantes AM. “Quando comecei, no início da década de 1980, Walmor estava afastado do rádio, mas logo em seguida voltou. Não cheguei a trabalhar com ele como narrador. Ele era comentarista e eu, iniciando a carreira, repórter de campo”, conta Danei.

Para ele, como profissional ligado ao esporte, Walmor era muito autêntico. “Ele deixou a sua marca. Era um comentarista polêmico, foi o autor da expressão ‘Ferro-Luz’, um diminutivo para Ferroviário e Hercílio Luz, o clássico do futebol de Tubarão. As torcidas eram tão apaixonadas que chegavam a cronometrar o comentário do Walmor, e brigavam com ele se o tempo dedicado a um time fosse maior do que o outro”, lembra Danei.