Época de festas: Natal, Ano-Novo, uma visão psicológica das coisas

Rafael Andrade

Tubarão

Manoela Costa Dutra do Nascimento (foto), psicóloga formada há 12 anos, especialista na área cognitiva comportamental, pós-graduada em gestão de pessoas e neuropsicopedagogia. Atende todas as faixas etárias. Foi servidora pública federal dos Correios. A profissional faz uma avaliação especial desta época de fim de ano, que envolve o Natal e Réveillon, dois dos três principais feriados prolongados comemorados no Brasil.

Em entrevista ao Notisul, Manoela informa que as atividades e correria do dia a dia têm contribuído pelo aumento de doenças depressivas, dependência em tecnologia, ansiedade, transtorno compulsivo obsessivo, muitos dos sintomas desses problemas são criados devido à inclusão da maior parte da sociedade nas redes sociais, que, segundo ela, precisa que haja limites para o acesso e tempo de navegação na Internet, a começar pelos pais, que têm que monitorar seus filhos desde cedo. “Trabalho muito com jogos de tabuleiros com as crianças em meu consultório, com jogos lúdicos, justamente para afastar o contato, mesmo que num curto período, com o celular, computador… Hoje há aplicativos específicos que ajudam nesta fiscalização dos pais. É possível fazer e bem utilizar as tecnologias, e que a convivência real seja palpável”, explica a psicóloga.

O Natal, uma época gerada historicamente pela mídia como o momento de presentear, de confraternização entre famílias, funcionários de empresas, de ter mais solidariedade, eleva, conforme a psicóloga, o sentimento de gratidão. “As propagandas também ajudaram muito a criar a atual visão natalina que, lógico, há também um vínculo religioso ou sentimento espiritual envolvido. Sobre o Ano-Novo, a especialista atenta que o dia 31 de dezembro funciona como uma data de validade para muita gente, como se fosse um relatório de fechamento. “É quando analisamos o que fazemos ou deixamos de cumprir nos últimos 12 meses. Nos primeiros minutos de um novo ano, estabelecemos uma espécie de metas. É importante gerar esses objetivos, mas não há como apagar o passado recente. O foco é sempre os sentimentos bons. Praticar atividades físicas, de lazer, que ajudam a produzir mais endorfinas, serotoninas. Tudo é um balanço, mas com visão de superação. Não ficar isolado e não priorizar uma só questão, estar em família, entre amigos, conviver bem no trabalho, na escola, na faculdade”, detalha.

A cultura brasileira indica que o Natal é mais família, já o Réveillon pode ser um momento mais festivo em multidões, uma confraternização maior, muito por incentivo do próprio poder público, que organiza grandes shows gratuitos e eventos pirotécnicos, como em Laguna, por exemplo, que deverá, pela primeira vez, ter fogos de artifício sem barulho, como também ocorrerá em Florianópolis e Balneário Camboriú. 

Manoela também revela que há uma série de rituais, massificados também pela mídia, como usar roupas brancas, amarelas, vermelhas, pular sete ondas. Cada um tem uma visão neste ponto, mas a maior parte é mera superstição. “Outro aspecto abordado nesta época do ano é o perdão, a ascensão do sentimento de amor, de gratidão… É um momento de conexão”, sugere.