Enfermeira e estagiária serão julgadas

Karen Novochadlo
Tubarão

A população ficou chocada com a morte do menino Pedro Henrique Ayala, 3 anos, após receber uma injeção, no ano passado, durante internação no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão. Hoje, a enfermeira e a estudante de técnico em enfermagem responsáveis pela aplicação do medicamento são acusadas pela morte do menino na vara criminal da Comarca de Tubarão. Elas responderão a um processo por homicídio culposo, por negligência e imperícia.
O juiz Elleston Lissandro Canali aceitou a denúncia do promotor Álvaro Pereira Oliveira Melo. Uma carta precatória foi emitida para a comarca de Jaguaruna, para que a estagiária, que mora no município, fique ciente do processo. A enfermeira e a professora, que vive em Tubarão, já foi comunicada. O próximo passo é que as rés apresentem uma defesa.

O inquérito sobre a morte do menino foi conduzido pelo delegado Jair Tártari. Para a mãe de Pedro Henrique Ayala, Maiara Pereira, será um alívio saber da movimentação do caso. Ela lembra do filho todos dos dias. “Não posso ligar o computador, que vejo as fotos dele e choro. Também é difícil assistir televisão, que eu relembro dele. É uma eterna agonia”, conta Maiara.
Para este tipo de crime, a pena é de 1 a 3 anos de prisão, e pode ser aumentada em um terço se for resultado de negligência.

Relembre o caso

O menino Pedro Henrique Ayala, 3 anos, morreu após receber uma injeção, no dia 9 de novembro do ano passado. No mesmo dia, a criança foi atendida pelo clínico-geral de plantão do Hospital Nossa Senhora da Conceição e recebeu soro. O pediatra Willian Esmeraldino o atendeu assim que chegou ao hospital, por volta das 13h30min. Pedro tinha um quadro de gastroenterite aguda, uma virose. Estava desidratado, e com dores abdominais. Optou-se pela internação. Willian receitou 1,2 ml de Zofran, o último medicamento que Pedro recebeu. Este remédio, segundo o médico, era para ser aplicado em seguida. Contudo, foi fornecido após as 20 horas.

Pedro Henrique Ayala, 3 anos, morreu ao lado da mãe, Maiara Pereira, após receber uma injeção no segundo cateter do soro – o medicamento foi aplicado diretamente em sua veia. A mãe relata que, no instante que a medicação foi aplicada, o menino começou a sentir dores e pediu para tirar o soro.
De acordo com a investigação, o diluente utilizado junto com o medicamento tinha sido trocado por cloreto de potássio (não indicado).