Em Tubarão: Dia dos Cultos aos Orixás e das Religiões de Matriz Africana é comemorado nesta quinta

Quando falamos em uma sociedade mais justa e igualitária, quando pensamos em democracia, não temos como ignorar o livre exercício de crença de cada cidadão. A intolerância religiosa não é algo que atinge apenas uma religião, porém nenhuma outra orientação religiosa foi tão massiva e historicamente perseguida como as Afro-brasileiras, entre elas, umbanda e candomblé.

Em Tubarão, neste 23 de abril é celebrado o Dia Municipal dos Cultos aos Orixás e das Religiões de Matriz Africana. A Lei sancionada em 2016, declara como patrimônio imaterial da Cidade Azul os cultos religiosos desta dominação.

De acordo com o autor do Projeto de Lei 87/2016, Paulo Henrique Lúcio, o Paulão (PT), é importante que os seguidores da religião de Matriz Africana também tenham um dia para comemorar, assim como as demais religiões “Já temos um ganho, poder comemorar e lembrar a data é importante. Infelizmente, a data e a falta de conhecimento não acabam com o preconceito, mas ajuda a reduzir a lacuna de informação”, enfatiza.

O dirigente espiritual Marcelo Corrêa, afirma que desde 2016 muita coisa mudou e ressalta a importância da lei. “Hoje, as pessoas chegam para tirar dúvidas, conhecer um pouco da nossa religião, além de poder explicar e mostrar a cultura e crença dos negros e dos ancestrais, que lutaram pelo desenvolvimento do país”, esclarece o Babalorixá.

As religiões de matriz africana foram incorporadas a cultura brasileira há muito, quando os primeiros escravizados desembarcaram no país e encontraram em sua religiosidade uma forma de preservar as suas tradições, idiomas, conhecimentos e valores trazidos da África. E assim como tudo que fazia parte deste universo, essas religiões apesar de sua influência e importância na construção da cultura nacional, também foram perseguidas e, em determinados momentos históricos, até proibidas.

Orixás

Da mesma forma que Iemanjá, outras divindades de origem africana, como Oxum, Xangô, Oxalá, Oxóssi e Exu, passaram a fazer parte da vida de todos nós, e não apenas dos adeptos do candomblé ou da umbanda, outra religião afro-brasileira. Chamadas de orixás (palavra de origem ioruba que significa divindade), fazem parte da cultura brasileira, com seu significado místico e simbólico, suas festas, comidas, cores e símbolos.

Cada orixá tem a sua história, sua personalidade e domina um aspecto da realidade. Eles têm sentimentos: amam, sofrem, ficam tristes, alegres ou com raiva. Os orixás estão ligados às forças da natureza, como a água, o ar, a terra e o fogo. Em equilíbrio, essas forças movem nosso destino. O espaço habitado pelos orixás chama-se orum e o mundo dos homens chama-se aiê. O grande pai responsável pela criação de todas as coisas é Olorum.

Oferendas e sacrifícios

Os orixás são homenageados com oferendas e sacrifícios. Cada um tem sua própria saudação, formada por palavras em idioma ioruba. Para conhecer a vontade dos orixás, mães e pais-de-santo, os sacerdotes dessas religiões, jogam os búzios, uma espécie de adivinhação realizado por meio da leitura de figuras formadas por conchas lançadas sobre uma mesa.

Atualmente, os orixás estão presentes não apenas nos rituais religiosos, mas nas festas populares, no carnaval, na dança e na música. Também integram muitos outros aspectos da nossa cultura, como as artes plásticas, o cinema, o teatro, a moda e a gastronomia.