Eloisa quer comprar um braço mecânico

Lavar a louça, varrer a casa ou prender os cabelos são atividades consideradas simples e banais por boa parte da população. Porém, para a lageana Eloisa Helena Soares dos Santos, 54 anos, fazer essas coisas não é bem assim. Devido a uma má formação em sua gestação, ela nasceu com uma deficiência física (não tem o antebraço esquerdo), o que lhe impõe limitações diárias em atividades que parecem fáceis para a maioria das pessoas.

Ao longo da vida, ela aprendeu a se virar sem o antebraço esquerdo e sempre encontrou um jeito de lidar com os afazeres diários, mas isso teve um preço: hoje, ela tem os tendões do braço direito arrebentados por causa da compensação de esforço para realizar tarefas básicas. Mesmo encontrando maneiras de se virar, devido ao bullying que sofreu desde criança, e às limitações impostas pela sociedade, Eloisa sempre sonhou em usar uma prótese que substituísse a parte do corpo que lhe falta.

“Quando eu era pequena, as outras crianças riam de mim na escola e isso me fazia querer ter meu braço. Como meus pais não tinham dinheiro para comprar uma prótese, meu pai acabou me levado em uma psicóloga pra eu aprender a conviver com a deficiência. Na vida adulta, sempre tive dificuldade de conseguir emprego, porque quem faz as entrevistas sempre olha primeiro para o braço que falta”, conta Eloisa, que atualmente está desempregada.

Depois de décadas, apenas sonhando com a possibilidade de usar uma prótese, com a ajuda da filha Morgana dos Santos, 31 anos, Eloisa descobriu que seu sonho pode se tornar realidade. Pesquisando na internet, Morgana encontrou uma clínica em Curitiba, no Paraná, que vende as próteses. Com esta descoberta, outra dificuldade surgiu: como custear a aquisição de uma prótese? Segundo Morgana, o aparelho que pode substituir o antebraço da mãe custa entre R$ 92 mil e R$ 150 mil. “Para saber qual ela vai poder usar, a gente precisa fazer uma consulta na clínica, para que eles façam os testes”, explica.

A alternativa encontrada para tentar comprar a prótese também surgiu por meio da internet. Foi no universo online que Morgana conheceu os projetos de arrecadação virtual e montou uma “vakinha” digital para juntar o dinheiro necessário e realizar o sonho da mãe. “Usar esta prótese faria minha mãe se sentir completa, por isso, decidi abrir essa arrecadação online e tentar juntar o dinheiro que a gente precisa”, afirma.

Morgana conta que a clínica que vende as próteses não cobra pela consulta para fazer o teste de adaptação. Porém, como a clínica fica em Curitiba, ela e a mãe não têm como ir até lá para a consulta. Elas precisam de auxílio com transporte e alimentação de ida e volta até a capital paranaense.

A arrecadação online está acontecendo por meio de um site especializado. Quem quiser contribuir, pode fazer doações até o dia 17 de dezembro de 2020. Para prestar contas aos doadores, Morgana criou um perfil para a mãe em uma rede social, que será usado para relatar o dia a dia da família até que elas consigam comprar a prótese.