“Ele fazia orgias nojentas”

Um pouco abatido, o ex-deputado Nelson Goetten de Lima tomou café da manhã, ontem, na cela improvisada na Deic, em Florianópolis. Ele reafirmou que é inocente de todas as acusações e garantiu que provará isso na justiça.
Um pouco abatido, o ex-deputado Nelson Goetten de Lima tomou café da manhã, ontem, na cela improvisada na Deic, em Florianópolis. Ele reafirmou que é inocente de todas as acusações e garantiu que provará isso na justiça.

Zahyra Mattar
Florianópolis

O ex-deputado federal Nelson Goetten de Lima, preso segunda-feira por suspeita de estupro e favorecimento à prostituição de vulnerável, passou a noite no auditório da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis.
 
Conforme os policiais de plantão, ele leu e manteve-se calado o tempo todo. O político não recebeu visitas e reafirmou ser inocente de todas as acusações e estar disposto a colaborar com as investigações.
 
O delegado responsável pelo caso, Renato Hendges, falou que a prisão preventiva só foi pedida porque Goetten teria tentado interferir no curso do processo, ao coagir vítimas e testemunhas.
 
Ontem, o delegado ouviu uma das adolescentes supostamente estuprada pelo ex-deputado em duas ocasiões. O crime teria ocorrido em 2009, em um apartamento luxuoso em Itapema, litoral norte do estado.
 
A garota contou que foi levada pela prima ao apartamento. Esta mulher, uma vendedora, é acusada, junto com um professor de fanfarra, de aliciar menores para satisfazer os gostos sexuais do político.
 
Hoje, outra menina, de 14 anos, prestará depoimento. Ela também acusa Goetten de estupro. “Acredito que haja outras vítimas e outras pessoas envolvidas nas orgias nojentas promovidas por ele (Goetten). É um bandido. Assim como ele, todos os envolvidos serão ouvidos”, antecipa o delegado da Deic.
 
Hendges informa ainda que uma terceira garota já foi localizada e deverá prestar depoimento ainda nesta semana. Hoje ou amanhã, o político também deverá ser interrogado. 
 
Ex-deputado sabia que era investigado e tentou subornar as testemunhas
Nelson Goetten de Lima e os outros dois acusados de aliciar menores ficarão detidos preventivamente por 30 dias. O pedido foi feito porque o ex-deputado sabia das investigações e chegou a ser interrogado em abril.
“Depois disso, ele começou a coagir as vítimas e as testemunhas, inclusive ofereceu dinheiro para os pais de uma das meninas, para que retirassem as acusações”, detalha o delegado da Deic, Renato Hendges (foto).
O prazo pode ser prorrogado por mais um mês, caso seja necessário. Os três deverão aguardar o fim das investigações no presídio de Itapema, para onde os três serão transferidos possivelmente ainda nesta semana. 
Goetten e os outros dois acusados eram investigados há pelo menos seis meses. O político era monitorado por escutas telefônicas autorizadas pela justiça.
 
Acusações
O ex-deputado federal e atual presidente do PR de Santa Catarina, Nelson Goetten de Lima, foi preso preventivamente segunda-feira em uma barbearia, em São José, na Grande Florianópolis. O político é acusado de promover orgias com adolescentes, estar no comendo de uma rede de exploração sexual de menores, estupro, aliciamento e favorecimento à prostituição de vulnerável. Os crimes, conforme as investigações da Deic, ocorreram entre 2009 e o ano passado.
 
Situação no partido
A executiva do PR em Santa Catarina anunciou ontem, no começo da noite,  que o presidente da sigla ficará afastado do cargo até o fim das investigações.