Editoras se mobilizam contra “distúrbio do videogame” apontado pela OMS

As grandes federações de editoras de videogames de todo o mundo pediram nesta quinta-feira à Organização Mundial da Saúde (OMS) que reconsidere sua decisão de classificar o vício em jogos do gênero como uma doença. Chamada de “distúrbio do videogame”, esta patologia é caracterizada por comportamentos anormais relacionados a esse entretenimento, cujo lugar na vida do indivíduo está crescendo em detrimento de suas outras atividades, apontou a OMS em janeiro.

De acordo com especialistas da Organização Mundial da Saúde, um indivíduo deve mostrar dependência anormal ao jogo por pelo menos um ano antes de ser diagnosticado como sofrendo deste transtorno. “A oposição global à classificação controversa e não comprovada da OMS do ‘distúrbio do videogame’ continua a crescer (…) O processo da OMS carece de transparência e apoio científico objetivo. Insistimos na necessidade de acabar com isso”, reagiu Simon Little, diretor-geral da Federação Europeia de Editoras de Videogames, num comunicado.

O apelo também reúne representantes da indústria nos Estados Unidos, Brasil, África do Sul, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Eles se apoiam em um artigo a ser publicado, de acordo com eles, em março na revista científica Journal of Behavioral Addictions. Nesta publicação intitulada “Uma base científica fraca para o distúrbio do videogame: permaneça do lado da cautela”, 36 pesquisadores questionam a decisão da OMS.

“O distúrbio do videogame é um conceito relativamente novo e os dados epidemiológicos na população ainda não foram coletados”, ressaltou por sua vez um porta-voz da OMS em janeiro. Mas “os especialistas da área da saúde concordam que há um problema” e que a inclusão do “distúrbio do videogame” na Classificação Internacional de Doenças (CID) é uma etapa “apropriada”, afirmou.