Dr. Cristiano diz que conversa gravada e vazada foi um desabafo diante de tantas irregularidades no HNSC

Lily Farias 

Tubarão

A voz que aparece no polêmico áudio sobre as declarações de irregularidades no Hospital Nossa Senhora da Conceição é sim do Dr. Cristiano Ferreira. Ele confirmou durante uma entrevista na Rádio Cidade na manhã desta quarta-feira.  

Em nota, o Hospital Nossa Senhora da Conceição informou que assim que teve conhecimento do áudio pelas redes sociais, iniciou a apuração dos fatos e está analisando o caso internamente.

Dr. Cristiano afirma a veracidade de todas as informações, mas lamenta a edição de alguns pontos, que segundo ele, foram feitos com a intenção de prejudicá-lo. Durante a entrevista ele contou que a conversa informal com um amigo no começo de 2017 na sua sala e ele não tem ideia de como foi gravada. Ele diz que enviou o áudio para o advogado e registrou um boletim de ocorrência. 

“Na época eu estava tomando conhecimento de como funcionavam os contratos, as formas de prestação de serviço e tomando pé de algumas situações. Fiquei impactado, indignado e vi que aquilo tudo precisava de reformulação”. 

O médico assumiu como diretor técnico do HNSC no fim de 2016 e ocupou o cargo até semana passada. Ele afirma que sua demissão não teve nada a ver com o áudio, e ao contrário do que a assessoria de imprensa afirma, foi ele quem mandou o áudio para a direção logo que teve conhecimento. 

Conforme Dr. Cristiano o áudio foi colocado em todos os computadores dos médicos da emergência. “Tive conhecimento há cerca de 3 semanas. Um dos médicos ouviu, me ligou e eu disse que nada do que falei era mentiroso”.

Corpo médico 

“Em 2018 eu já havia falado na Câmara de Vereadores nossa tentativa de negociação com as equipes médicas para tornar o hospital sustentável. Tivemos sucesso em 90% dos casos. Apenas duas  equipes declinaram: ortopedistas e anestesistas. Dois casos em que os contratos com SUS foram substituídos. Essa questão contratual era decidida pela direção executiva e por São Paulo. Eu não tinha tinta na  caneta para assinar contrato, nem para assinar cheque. O problema é que polarizou em mim e na metade de 2018 eu estava sobrecarregado, não aguentei a pressão e fiz um desabafo”. 

Dívida da Unisul

“Não tenho nada contra a Unisul. Como o áudio é antigo claro que na ocasião havia um débito com o HNSC. Hoje não saberei dizer como está a situação porque não faço mais parte da equipe. Participei da reunião de negociação e na ocasião não achei que o hospital estava tendo o respeito da universidade. Não  quero gerar polêmica com a Unisul, o que que falei está falado e não vou voltar atrás. Não estou dizendo que não pagaram hoje, mas na época havia a dívida. 

Edição de conteúdo 

“Todo o conteúdo é verdadeiro mas há edições que saíram do contexto. A intenção do áudio é desconstruir minha imagem, dizendo que eu tinha vantagem financeira.  Meu salário mensal era de R$ 20 mil eu dizia que estava me incomodando e que se ficasse no meu consultório ganharia mais e estaria mais tranquilo. Quando eu disse que a Patrícia de Toledo era a prefeita e eu era o vice é porque ela tinha  caneta na mão e eu estava ali para ajudar. Esses poderes extraordinários que me atribuem eu nunca tive”. 

Antibióticos

Havia um uso indiscriminado de antibióticos. Isso não era combatido porque nosso serviço de controle e infecção hospitalar só funcionava duas horas por dia em uma hospital de 400 leitos. Os profissionais desses serviços exerciam outras atividades remuneradas, que eram atividades menores. Fizemos um contrato com eles para focarem 4 horas por dia nesse controle de antibiótico terapia, porque já estava sendo selecionada essas superbactérias. A equipe fez um belo trabalho, o número de bactérias resistentes diminuiu muito. Antes de sair eu tinha o projeto de ter eles 8 horas por dia.