Doenças cardíacas matam mais que câncer, guerras e álcool

(foto: CB/D.A Press)
(foto: CB/D.A Press)

As doenças cardiovasculares são o principal motivo de mortes no mundo todo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). As complicações cardiovasculares lideram na frente de câncer, guerras e álcool. Em contraponto, os avanços tecnológicos têm permitido que médicos e pacientes trabalhem em conjunto para evitar o pior.

No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2018, foram realizadas 83.909 cirurgias cardíacas em adultos. No ano anterior, cerca de 169.557 pessoas morreram por doenças cardiovasculares. Entre as doenças no aparelho circulatório, quatro estão entre as principais causas de óbito: infarto agudo do miocárdio, doenças hipertensivas, insuficiência cardíaca e miocardiopatias.

O aposentado Rogério Roscoe, 78 anos, passou recentemente por uma cirurgia de implante de marcapasso. Ele conta que descobriu uma disfunção em um dos ventrículos depois de episódios de desmaio, quando foi internado e realizou a cirurgia. “Foi um processo muito rápido e tive uma recuperação muito tranquila. Fiz a cirurgia pela manhã, fiquei na UTI por um dia e no outro já estava no quarto.”

Apesar da recuperação tranquila, Rogério se queixa de ter descoberto o problema por acaso. “Meu problema é hereditário, meu pai chegou a colocar três marcapassos. Eu fui ao hospital porque quando desmaiei, machuquei o pé.” Para ele, os avanços tecnológicos, tal qual as pulseiras “self-ids” poderiam ter ajudado muito no caso dele. “Seria muito bom. Tem muita gente que tem esse processo na família e usaria para checagem, isso poderia evitar diversos problemas,” afirma.

Para o cardiologista Rafael Munerato, da Santa Casa (SP), a tecnologia tem sido fundamental para prestar assistência à equipe médica e empoderar o paciente. “Por um lado, existe o auxílio no cuidado prestado ao paciente, com exames de imagem mais modernos, de sangue ou com cirurgias robóticas menos invasivas. No outro lado, existe o empoderamento dos pacientes, em que entram, por exemplo, relógios que controlam alguns dados do paciente, como número de passos, de calorias, a qualidade do sono e batimentos cardíacos. Alguns desses dispositivos também fazem eletrocardiograma. Ou seja, o paciente pode estar trabalhando ou em casa, no momento em que ele sentir uma palpitação, ele aperta o botão e manda para o médico”, explica.

Cuidados

O estudante Lênio Carneiro Junior, 19 anos, é portador de uma anomalia rara no coração denominada coronária anômala. Na condição, a artéria coronária esquerda do coração, que deveria estar ligada à artéria aorta, se conecta à artéria pulmonar, podendo matar o paciente em grande parte dos casos. No caso de Lênio, o diagnóstico foi possível depois de uma série de exames, incluindo testes ergométricos, o monitor holter, cintilografia e cateterismo.

A decisão do médico de operar o estudante surgiu após confirmado o risco de morte súbita. Lênio só concordou em realizar a cirurgia por confiar na tecnologia disponível para tratá-lo. “O único motivo, fora a competência médica, foi a tecnologia. Mesmo não tendo sintoma, havia um provável risco de morte cardíaca, mas o que me deu segurança foi a aparelhagem do hospital. Sem isso, eu provavelmente não faria,” constatou.

Ricardo Ramos,  médico cirurgião-geral e diretor da Aliança para a Saúde Populacional, explica como a chamada “medicina personalizada” entrou no conceito moderno para mudar o cenário. “Hoje, existem equipamentos que armazenam dados clínicos, envolvendo dados genéticos e contas médicas. Existe uma máquina em que o algoritmo identifica os graus de risco com base em dados do genoma e hábitos de vida. Isso está sendo aplicados em larga escala e faz parte da medicina personalizada,” explica.

Confira algumas dicas para evitar doenças cardiovasculares

» Manter uma alimentação equilibrada;

» Fazer atividades físicas;

» Controlar o peso;

» Realizar exames de check-up para conferir taxas;

» Evitar açúcar;

» Evitar o tabagismo;