Desabafo: “Desisti porque o PMDB está isolado”

Carolina Carradore
Tubarão

Tudo seguia bem para o PMDB catarinense, até que o presidente do partido, Eduardo Pinho Moreira, resolveu desistir da pré-candidatura como cabeça de chapa e candidatar-se para vice-governador, com o senador Raimundo Colombo (DEM) para governador. A decisão lhe rendeu bombardeios por todos os lados. Mesmo diante das críticas e até da ameaça de intervenção da executiva nacional, Moreira, que reúne 25 anos de PMDB, garante: “Não vou desistir da presidência estadual do partido. Fiz o que fiz pelo PMDB, que estava isolado nessas eleições”, desabafa.

O ex-governador ganhou as prévias em março deste ano, após disputa com o prefeito de Florianópolis, Dário Berger. Depois de se declarar pré-candidato, passou a conversar com o PDT, PC do B, PSB, PR e PRB. Mas a resposta era a única: precisava dar apoio à candidata a presidenta da república Dilma Roussef (PT). “Já quando conversava com DEM, PSDB, PTB, o diálogo era o mesmo, o compromisso com José Serra (candidato dos tucanos à presidência)”, observa.

No fogo cruzado, os correligionários do próprio PMDB tinham várias concorrentes, como o próprio ex-governador Luiz Henrique da Silveira, que não abria mão do apoio a Serra. “O PMDB estava isolado. Se concorresse à chapa pura, teria apenas dois minutos e 34 segundos de propaganda na televisão. Seria prejudicial ao partido sair sozinho”, reflete.

Diante de todo esse cenário, Moreira resolveu apoiar Colombo. “Ele é o candidato mais preparado para ser governador de Santa Catarina. O PP faria uma administração rancorosa e o PT uma administração desastrosa. Pensei no partido e não em mim”, argumenta.

Medida cautelar

O PMDB ainda não acertou o rumo. Os peemedebistas ampliaram o prazo para inscrição de candidatos, que venceu ontem. Os interessados têm até as 17 horas de hoje para se inscreverem na sede do partido. Todas as candidaturas devem ser homologadas na convenção, que ocorre amanhã, na capital. Outra novidade é a medida cautelar ingressada pelo diretório do PMDB de Santa Catarina com o objetivo de manter a convenção, caso ocorra a intervenção da executiva nacional.

Já o deputado federal Mauro Mariani, pediu um prazo de 24 horas para analisar a sua candidatura ao governo do estado pelo PMDB. A definição pode ocorrer hoje, em mais uma reunião do partido. “Se ele desistir, a tríplice aliança ainda poderá ser formada”, arrisca Eduardo Moreira. Já o PSDB, que até quarta-feira havia desistido de uma possível aliança com o PMDB, voltou atrás e espera uma definição dos peemedebistas. “Estamos com mais cautela, mas a tríplice ainda não está sepultada”, afirma o presidente dos tucanos em Santa Catarina, Beto Martins.