De geração para geração: Quando a profissão está ‘no sangue’

Priscila Alano
Tubarão

Uns são a cara do pai. Outros têm o gênio da mãe. E têm também aqueles que decidem seguir a mesma carreira dos progenitores, por mais que eles prefiram não influenciar na decisão final.

Em algumas famílias, o ofício passa de geração em geração. Na sapataria Marcos, em Tubarão, os jovens Rodrigo Marcos e o sobrinho Darlan André ocupam hoje o posto antes ocupado pelo avô. A equipe também conta com o pai de Rodrigo, Edvaldo Marcos.

O patriarca Eraldo Marcos, 65 anos, montou a sapataria na cidade há 26 anos. E o endereço permanece o mesmo até hoje: na rua Natal (ao lado do Giassi). “Aprendi com meu pai, pois não há um curso para a arte de sapateiro. Trabalho há 21 anos, e sempre procuramos aprimorar a nossa atividade. Neste ano, meu pai resolveu parar”, conta Edvaldo.

Para se lapidar um bom sapateiro, são necessários muitos anos, segundo Edvaldo. “Trabalhamos os três, e tem dias que não damos conta do grande número de consertos. Uma das minhas preocupações hoje é repassar o ofício de sapateiro para outras pessoas da família”, declara Edvaldo.

Em torno de 90% dos consertos são de calçados femininos. “A qualidade do material utilizado pelas fábricas não é boa, os que usamos nos consertos são melhores”, revela. A sapataria possue clientes de toda a região.

“Comecei a trabalhar na sapataria este ano e tudo ainda é novidade. Estou gostando muito, é um desafio aprender este ofício”, afirma Darlan. “Praticamente cresci aqui (na sapataria). Até hoje, foi o meu único emprego”, acrescenta Rodrigo.

A paixão pela decoração que une a família

O envolvimento na organização de eventos e festas une a decoradora Lena Silvério e sua filha Camila Silvério. A jovem acompanha a mãe desde criança e, com o tempo, a paixão pela profissão a contagiou.

“Aos 16 anos, eu já ajudava na organização dos eventos. Aos 18, iniciei o atendimento no escritório e, há alguns anos, coloquei a minha vontade de colaborar mais com a empresa. Atualmente, respondo pela parte administrativa e de criação”, conta Camila.

A jovem optou por trancar a faculdade de arquitetura e urbanismo, e dedicar-se exclusivamente à empresa. “No início, surgiram algumas inseguranças, pois trabalhamos com os sonhos, os desejos dos clientes, não há um padrão a seguir. O nosso objetivo é superar as expectativas”, revela Camila.

A empresária Lena Silvério admite que, a princípio, ficou preocupada com a decisão da filha, pois a profissão exige muita dedicação e, principalmente, renúncia aos fins de semana. “Camila é muito responsável, e impressiona pela sua dedicação. Fico feliz por ela dar continuidade à atividade, que não tem um curso específico, aprendemos na prática”, revela Lena.