Criciúma: criança de 4 anos é o primeiro caso de síndrome associada a Covid-19

#Pracegover Foto : na imagem há uma criança com uma mão na cabeça e de máscara
#Pracegover Foto : na imagem há uma criança com uma mão na cabeça e de máscara

Uma criança de 4 anos de idade foi diagnosticada com síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), doença potencialmente associada à Covid-19. O menino é o primeiro caso registrado pela Vigilância Epidemiológica de Criciúma a ter a síndrome, e este foi o 15º caso confirmado no Estado de Santa Catarina. O diagnóstico foi dado em Florianópolis pelos médicos do Hospital Infantil Joana de Gusmão no dia 12 de dezembro de 2020, mas a vigilância criciumense só tomou conhecimento do fato na última semana. A criança ficou com insuficiência cardíaca leve.

A síndrome atinge crianças e jovens, entre zero e 19 anos, que vivem em locais com alta incidência da infecção pelo coronavírus. Conforme o Ministério da Saúde trata-se de uma doença multissistêmica, caracterizada por febre elevada, acima de 38ºC e persistente, acompanhada de um conjunto de sintomas que podem incluir gastrointestinais – com importante dor abdominal – conjuntivite, exantema (rash cutâneo), erupções cutâneas, edema de extremidades, hipotensão, dentre outros. Os sintomas respiratórios não estão presentes em todos os casos. Há importante elevação dos marcadores inflamatórios e o quadro clínico pode evoluir para choque e coagulopatia. Esses são os critérios da Organização Mundial da Saúde adotados no Brasil para diagnosticar a síndrome.

Segundo a mãe do menino, Vanessa Iribarrem Avena Miranda, que é epidemiologista e pesquisadora em Saúde Coletiva da Unesc, a criança teve inicialmente febre e uma íngua apareceu no pescoço. Ela acredita que o filho se infectou no ínicio de novembro, pois a síndrome, segundo ela, surge em média 30 dias após o contágio pela Covid-19. Ela disse ainda que ela e o marido já haviam positivados para o vírus no mês de junho.

Conforme as orientações repassadas pelo hospital da Capital à mãe, todos os casos suspeitos devem ser hospitalizados e monitorados, enquanto os casos graves necessitam de manejo em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). O filho de Vanessa foi um desses casos graves. Seu diagnóstico, porém, veio apenas no quarto dia de internação, após a criança ser transferida para o hospital de Florianópolis. Inicialmente ele foi atendido em um hospital de Criciúma, onde permaneceu por três dias internado.

“Eu só descobri que ele teve Covid-19 quando fez o teste. Ele começou com febre num sábado, domingo, e na segunda levei ele numa pediatra. Moramos há um ano aqui em Criciúma, nem tinha ainda uma pediatra de confiança. Então fui em uma que me indicaram, e ele [a criança] estava com uma íngua. Então a médica suspeitou de caxumba, por conta dos sintomas que meu filho apresentava, mas ele estava com febre há três dias e não foi pedido um teste do Covid. Então, fizemos o exame para caxumba, que demora sete dias para sair o resultado. Isso foi na segunda-feira, e graças a Deus, na quarta-feira saiu o resultado negativo. Na quarta, ele estava bem mais inchado e continuava com 39,5ºC de febre. No retorno, a médica disse que a íngua era sinal de infecção no corpo e encaminhou para o hospital para identificar a bactéria. Em nenhum momento fizeram o teste do Covid”, contou.

A criança foi internada na quarta-feira, dia 9 de dezembro, e na quinta-feira houve piora no quadro clínico. A mãe contou ainda que já tinha lido sobre a síndrome, mas que ninguém suspeitou. “Na sexta-feira fizeram exames, sempre suspeitando que se tratava de uma infecção generalizada, então a médica fez esses exames para ir acompanhando como ele respondia aos antibióticos e aí apareceu também um probleminha no coração. Foi aí que ela se apavorou e disse que tinha medo que ele entrasse em choque séptico, que era uma bactéria muito resistente, e que eles não estavam conseguindo lidar com ela. Então disse que iriam transferir para uma UTI pediátrica, porque no hospital de Criciúma não tem”, disse.

A mãe disse que foi de ambulância com o filho a Florianópolis, pois o mesmo não podia parar de deixar de tomar os antibióticos. “Chegando lá, os médicos suspenderam os remédios e falaram que não se tratava de uma infecção e questionaram se havia sido feito o teste do Covid”.

A primeira coisa segundo a mãe foi realizar o exame, que resultou que ele já havia positivado para o vírus, relembrou Vanessa. “Foi o primeiro alerta de que podia ser a síndrome”, disse. Outro alerta que apontava para a síndrome é de que ele apresentava três sintomas, sendo que pelo menos dois sinais já são indícios. A criança tinha conjuntivite, hipotensão arterial e manifestação miocárdica.

Vanessa contou que após a alta o acompanhamento continua, sendo que vai até o hospital de Florianópolis pelo menos uma vez por mês. “Até o momento, o que se sabe é que a sequela da doença não teve alteração. Ela pode evoluir, pode estabilizar e pode inclusive sumir, eles não sabem, porque é muito novo”, disse. A reportagem entrou em contato com a assessoria do hospital em que a criança foi internada em Criciúma, mas até o momento a mesma não se manifestou sobre o caso. No Brasil, até o dia 22 de agosto de 2020 foram identificados 114 casos e nove óbitos em decorrência da síndrome, conforme informações repassadas pelo hospital de Florianópolis.

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Fonte: Engeplus