Covid-19: em tempos de pandemia, médica de Braço do Norte faz campanha para ajudar indígenas que passam fome

O termo vulnerabilidade social refere-se à situação socioeconômica de grupos de pessoas com poucos recursos financeiros, de moradia, educação e acesso a oportunidades para seu desenvolvimento enquanto cidadão. A vulnerabilidade é composta por diversos fatores responsáveis pela “exclusão social” de uma parcela da população. Entre eles, podemos incluir questões históricas, de raça, de gênero e de orientação sexual. O conceito caracteriza uma condição de fragilidade que determinado grupo está sujeito.

Passagens em que as doenças do homem branco ‘dizimaram’ populações indígenas no Brasil se repetiram por inúmeras vezes na história. Neste ano, com o coronavírus, os povos originários continuam em maior vulnerabilidade. Centenas de índios já morreram infectados com a doença.

Por causa da pandemia do coronavírus e também do isolamento social, os índios que moram no Distrito Sanitário Especial Indígena Rio Tapajós, no Pará, em aldeias de difícil acesso estão enfrentando quadros de fome ao mesmo tempo em que as os casos da doença avançam. A afirmação é da médica de Braço do Norte, Nicolly Américo, que está no Pará.

Ela trabalha no Polo Base Missão Cururu, que tem 13 mil indígenas distribuídos em nove aldeias. “Eles estão realmente passando fome. Por isso resolvi tentar ajudar, mas não é fácil. Precisam muito de alimentos. Cestas básicas, é o mais urgente”, assegura.

De acordo com a profissional de medicina, as condições dos povos indígenas são bem precárias, mas normalmente conseguem se virar bem. “Devido a pandemia, desde fevereiro eles foram alertados sobre a Covid-19 e recomendados a permanecerem nas suas respectivas aldeias por causa do risco de contaminação nas cidades. Eles estão desde fevereiro sem ir para cidade e agora, o vírus infelizmente chegou em algumas dessas aldeias”, lamenta.

Como a população indígena está desde fevereiro sem poder sair da comunidade, aqueles que possuem rendas e auxílios não podem sacar os seus benefícios. Além da colaboração na área da saúde, a médica tem buscado apoio da população por meio de doações financeiras, um montante para comprar alimentos para o povo indígena. As doações podem ser feitas por depósito bancário, no Banco do Brasil: agência 738-2, conta corrente 24471-6.

Os índios são mais suscetíveis a vírus porque as nações atuais foram contactadas majoritariamente no século 20 e tiveram pouco contato biológico com patógenos com os quais a população não-indígena já lidou. Doenças respiratórias já são a principal causa de morte entre as populações nativas brasileiras, o que torna a pandemia atual especialmente perigosa para esses grupos.

Conforme o governo, há 750 mil indígenas, de 305 etnias, vivendo em mais de 5,8 mil aldeias no Brasil hoje. O Ministério da Saúde contabiliza até o momento 9.632 casos confirmados de covid-19 entre os indígenas e 198 óbitos. Já a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) considera que esses números estão subdimensionados e calcula que já haja 461 mortos e mais de 13 mil infectados nas comunidades. O monitoramento feito pelos povos contabiliza também indígenas atingidos pela covid-19 que moram fora das aldeias.

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