Corte de verba nas universidades federais deve atingir mais de 50 mil alunos em SC

O bloqueio de 30% da verba das universidades federais do país feito anunciado pelo Ministério da Educação (MEC) deve atingir mais de 50 mil alunos em Santa Catarina. No estado, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS) devem ser atingidas.

UFSC

A UFSC já esperava um corte, mas acreditava que seria uma porcentagem menor. O orçamento da universidade por ano é de aproximadamente R$ 1,5 bilhão.

Praticamente 90% disso é composto pela folha de pagamento, de ativos e aposentados. Na fatia que sobra está previsto o corte de 30% anunciado pelo governo federal. Pelas contas da universidade, o bloqueio deve representar aproximadamente R$ 50 milhões.

Desse montante vem o dinheiro para pagar despesas básicas como água, luz, serviços de segurança e limpeza, que são proporcionais ao tamanho da instituição. A UFSC tem cinco unidades no estado e atende mais de 43 mil alunos.

“Tem certas áreas que não dá para mexer porque senão nós vamos mexer com os interesses dos nossos estudantes. O RU [Restaurante Universitário], por exemplo, tem uma empresa terceirizada que faz as refeições. Nós temos quase 5 mil alunos que dependem fundamentalmente do RU para a sua alimentação diária” afirmou o reitor da UFSC, Ubaldo Balthazar.

Dinheiro para investir na ampliação ou em compra de equipamentos praticamente não sobra. Obras, como as de um centro de ensino em Florianópolis, vão continuar paradas.

UFFS

Na região Oeste, o campus da UFFS em Chapecó será atingido. Quando a universidade começou a funcionar na cidade, em 2011, tinha um orçamento de R$ 104 milhões. Neste ano, era de R$ 55 milhões.

Com os 30% a menos, a universidade terá R$ 38 milhões disponíveis. Uma queda de 60% em oito anos.

Os créditos bloqueados devem impactar diretamente em projetos de extensão, na capacitação de servidores e nos investimentos.

Para fazer a conta fechar, a única saída é cortar ainda mais. “Novas construções, compra de equipamentos de laboratório e até na compra de livros, que são objetos de capital”, afirmou o reitor da UFFS, Jaime Giolo.

Projetos de pesquisa e extensão

Na UFSC, uma das maiores preocupações não está dentro do campus. Os cortes podem afetar também a continuidade de projetos de pesquisa e extensão.

Um deles fornece semente de moluscos para os produtores catarinenses. Foi a partir desse trabalho, que começou há quase 30 anos, que atualmente Santa Catarina é destaque nacional no setor da maricultura.

“O laboratório hoje é o principal fornecedor, talvez o único fornecedor do Brasil que tem a capacidade de estar fornecendo em um volume que a cadeia hoje puxa. Se os cortes previstos pelo governo realmente chegarem até nós aqui, provavelmente vão chegar, uma vez que a gente depende da luz, água, serviços terceirizados fornecidos pela universidade, isso compromete fortemente o funcionamento do laboratório”, afirmou o pesquisador Gilberto Andrade.

O reitor explicou que o corte anunciado está previsto para agosto, mas desde já tem tomado medidas para economizar. “É cortar no que pode ser cortado e urgentemente”, disse.