Coronavírus: Médica catarinense conta como tem sido os dias de enfrentamento da doença na Itália

Brescia, Itália

A médica de Braço do Norte, Mariana Dacoregio, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) fez residência de cirurgia geral no HGCR, em Florianópolis, há 4 anos reside moro em Brescia, no Norte da Itália. Profissional residente de medicina de Urgência e Emergência do Spedali Civili di Brescia (Hospital Civil de Brescia). Em entrevista exclusiva ao Notisul, a catarinense conta como tem sido os dias de atendimentos e de quarentena na Itália. A casa de saúde conta com cerca de 2 mil leitos e é referência na região.

Ela destaca que trabalha em um dos departamentos de internação, que foi convertido em isolamento para pacientes com Covid-19 com quem tem contato direto e diário. “Para a nossa proteção individual utilizamos um avental descartável, óculos, máscara cirúrgica, dois pares de luvas e touca. Para realizar procedimentos invasivos ou que gerem aerosol (spray), a máscara cirúrgica é substituída por uma máscara especial com filtro (N95) ”, explica.

Mariana conta que na Itália, os profissionais tiveram a oportunidade de aprender muito sobre o vírus e como a pandemia afetou a vida das pessoas. Ela destaca o fechamento das escolas até proibição de funerais, cada uma dessas pequenas coisas fez com que a população ficasse assustada. “As medidas tomadas são muito necessárias! Apesar da doença se apresentar como uma gripe banal, na imensa maioria das pessoas, incluindo crianças e grávidas, precisamos dessas medidas para proteger os idosos que são os mais atingidos pela infecção. Estar em casa e respeitar as restrições é um dever do cidadão para o bem do outro”, assegura.

De acordo com a médica, pandemias como essa devem ensinar muito a população. Com o grande impacto do vírus, ela acredita que ainda há muito o que aprender sobre coisas básicas como: lavar as mãos e respeitar as orientações que são dadas por pessoas que dedicam suas vidas a estudarem sobre agentes infecciosos”, pontua.

Mariana afirma que não existe motivo para pânico nem na Itália e nem no Brasil. Existe a exigência de se ‘abrir’ os olhos para o problema e assumir a sua responsabilidade sobre algo que vai muito além da sua casa e da sua família.

Ela expõe que a maioria dos pacientes que adoecem por Covid-19 não precisam ser internados, quando basta o isolamento domiciliar, que consiste em ficar em casa por duas semanas com o mínimo contato possível com outras pessoas. Depois desse tempo a pessoa está curada e não será um risco para os demais. “É importante frisar, que não existem tratamentos específicos, alguns medicamentos usados para outras doenças são usados com algum benefício, mas apenas em pacientes graves. Vale lembrar também, que ainda não existe soro ou medicamento milagroso na prevenção da doença. O jeito é evitar aglomerações e lavar bem as mãos sempre que possível”, finaliza.