Contradição: João de Deus diz não se lembrar das mulheres que o acusam

O médium João de Deus, 77 anos, em depoimento ao Ministério Público de Goiás (MPGO) nesta quarta-feira (26/12), afirmou que não se lembra das mulheres que o acusam de abuso sexual, uma vez que atendia aproximadamente 1.500 pessoas por sessão. Ele também negou ter praticado qualquer tipo de violência sexual contra suas seguidoras. As informações foram prestadas pelo advogado do líder espiritual Alberto Toron.

O depoimento dado ao MPGO contradiz a versão apresentada pelo próprio João de Deus à Polícia Civil, quando foi preso, no último dia 16. Na ocasião, ele relatou se lembrar de uma mulher que o acusou de abuso, em uma consulta que teria ocorrido em outubro deste ano. Chegou a dizer que deu a ela quadros e pedras, embora tenha negado qualquer tipo de violência sexual.

O advogado criminalista Alex Neder, que também participa da defesa do médium, esclareceu que o depoimento desta quarta foi baseado em três denúncias específicas, não relatadas anteriormente. nenhuma presente anteriormente no inquérito policial. Portanto, segundo o advogado, João de Deus não teria conhecimento de quem são as mulheres.

“Ele teve a oportunidade de rebater cada uma delas e responder que nada ocorreu conforme relatado pelas supostas vítimas”, acrescentou.

O depoimento ao MPGO durou cerca de uma hora e meia. “Ele disse que atendia muitas pessoas e que era impossível lembrar pelo nome, até porque não foi mostrada nenhuma foto”, informou Toron. Ao sair da oitiva, o advogado destacou ainda que “só depois de sabermos qual o caso será detalhado na denúncia vamos definir os passos da defesa”.

Segundo Alberto Toron, o depoimento de João de Deus se deu em clima de “absoluta tranquilidade”. “Ele respondeu a todas as perguntas que lhe foram dirigidas. Os promotores agiram com absoluta correção. Nos deixaram olhar o material do inquérito e o deixaram à vontade”, concluiu. O médium está preso desde o dia 16/12, em Aparecida de Goiânia.

Integrantes da força-tarefa que investiga os relatos de abusos sexuais praticados pelo fundador da Casa Dom Inácio de Loyola não pararam de trabalhar durante o Natal. A expectativa é de que a primeira denúncia contra João de Deus seja enviada até domingo (30) à Justiça. A oitiva foi realizada pelos promotores Luciano Miranda Meireles e Paulo Eduardo Penna Prado.

Em Goiás e em outros estados já foram coletados 78 depoimentos formais de mulheres que se apresentam como vítimas de abuso sexual de João Teixeira. Até o momento, mais de 600 mensagens chegaram ao MPGO. Destas mensagens, cerca de 260 apresentam-se como potenciais vítimas do médium, sendo que 11 delas residem no exterior: Estados Unidos (4), da Austrália (3), da Alemanha (1), da Bélgica (1), da Bolívia (1) e da Itália (1).