Contas externas têm déficit de 50,7 bilhões de dólares em 2019, diz BC

O  déficit nas contas externas do país atingiu 50,762 bilhões de dólares contra 41,540 bilhões de dólares em 2018. É o pior resultado em quatro anos, de acordo com dados divulgados hoje pelo Banco Central. No mês de dezembro do ano passado, o déficit em transações correntes, que são compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países, chegou a 5,691 bilhões de dólares. O resultado ficou abaixo do registrado em igual mês de 2018: déficit de 6,116 milhões de dólares.

As transações correntes, principal indicador sobre o setor externo do país, são formadas pela balança comercial (exportações e importações de bens e serviços), pelos serviços adquiridos por brasileiros no exterior e pelas rendas primária (lucros e dividendos do Brasil para o exterior, pagamentos de juros e salários) e secundária (renda gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens).

De acordo com o BC, a variação no déficit para o mês decorreu de redução de 2 bilhões de dólares em despesas líquidas de renda primária, parcialmente compensadas pela retração de 1,2 bilhão de dólares no saldo da balança comercial.

Balança comercial

O superávit comercial chegou a 4,764 bilhões de dólares em dezembro contra 5,977 bilhões de dólares no mesmo mês de 2018. “As exportações de bens totalizaram 18,2 bilhões de dólares em dezembro de 2019, recuo de 6% em relação ao mesmo período de 2018. Na mesma base de comparação, as importações de bens aumentaram 0,3%, para 13,4 bilhões de dólares”, diz o BC no relatório sobre o setor externo.

Na comparação com o ano anterior, o superávit comercial reduziu de 53,047 bilhões de dólares para 39,404 bilhões de dólares em 2019, repercutindo retrações de 6,3% nas exportações e de 0,8% nas importações.

De acordo com o BC, no mês, não houve operações relativas ao Repetro, que é um regime fiscal aduaneiro que suspende a cobrança de tributos federais na importação de equipamentos para o setor de petróleo e gás, principalmente as plataformas de exploração. No ano, as importações líquidas no âmbito do Repetro foram estimadas em 1,6 bilhão de dólares.

Serviços e renda

A conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros) registrou saldo negativo de 3,541 bilhões de dólares em dezembro, e de 35,141 bilhões de dólares de janeiro até dezembro do ano passado.

A conta de renda primária ficou negativa em 6,699 bilhões de dólares em dezembro e em 55,989 bilhões de dólares em doze meses. A conta de renda secundária teve resultado negativo de 216 milhões de dólares em dezembro de 2019, e positivo de 964 milhões de dólares no acumulado do ano.

Investimento estrangeiro

Em dezembro, o resultado negativo para as contas externas foi totalmente coberto pelos investimentos diretos no país (IDP). Quando o país registra saldo negativo em transações correntes precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior.

A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo. No mês passado, o IDP chegou a 9,434 bilhões de dólares contra  8,294 bilhões de dólares em igual mês de 2018. No acumulado de 2019, esses investimentos somaram 78,559 bilhões de dólares contra 78,163 bilhões de dólares em 2018.