Consórcio fecha escritório

No trecho entre Laguna e Capivari, existem apenas as placas do consórcio. Obras pararam em dezembro
No trecho entre Laguna e Capivari, existem apenas as placas do consórcio. Obras pararam em dezembro

 

Zahyra Mattar
Capivari de Baixo
 
Ninguém sabe, ninguém viu. O dito popular encaixa-se como uma luva na novela que transformou-se a duplicação do lote 25 da BR-101, entre Capivari de Baixo e Laguna. As obras estão paradas desde o dia 20 de dezembro do ano passado.
 
Conforme o proprietário da Amilton Lemos Engenharia de Obras, de Tubarão, Amilton Lemos, desde a mesma data o escritório do consórcio está fechado. A notícia que corre é que os gestores abandonaram o lote de obras.
 
Isto, contudo, não é confirmado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit). Tanto Amilton quanto os caminhoneiros associados à Cooperativa de Caminhões de Capivari de Baixo (Coopertranscap), também terceirizados pelo grupo para atuar na duplicação, estão sem receber desde dezembro de 2010.
 
“Tivemos o recesso de fim de ano e não voltamos porque os gestores sumiram. Não temos nem óleo diesel para colocar nos caminhões. O negócio está assim: a obra não tem dono, não tem responsável. Só tem um funcionário responsável por juntar as placas que caem com o vento. Mais nada”, testemunha Amilton.
 
O empresário e os associados da cooperativa não retornarão ao trabalho até receberem pelo menos mais uma parte do que o consórcio deve. Uma reunião estava marcada para ontem, mas ninguém do grupo de empresas apareceu.
 
“Ligamos na sede da Blokos, em São Paulo, e eles disseram que, quem sabe, alguém vem conversar conosco na próxima semana. É um descaso completo. Vamos continuar a esperar, mas de braços cruzados”, lamenta o empresário tubaronense.
 
Acordo para pagamento havia sido selado em outubro de 2010
Após duas semanas de paralisação, em outubro do ano passado, os gestores da empresa Amilton Lemos Engenharia de Obras, de Tubarão, e da Cooperativa de Caminhões de Capivari de Baixo (Coopertranscap), terceirizadas pelo consórcio Blokos/Emparsanco/Araguaia, responsável pelas obras no lote 25, entre Capivari de Baixo e Laguna, conseguiram receber 20% do que tinham direito.
 
Eles reivindicavam 50%, algo em torno de R$ 1 milhão, ainda que a dívida toda ultrapasse R$ 3 milhões, se levados em conta os juros e demais atualizações. 
 
Além do depósito de 20% da dívida, o acordo, selado sob o testemunho de gestores do Departamento Nacional de Infraestrutura em transportes (Dnit), previa o repasse de três parcelas referentes a mais 10% do que as duas empresas têm a receber.
Contudo, 2010 chegou ao fim e apenas uma destas parcelas foi paga. As duas empresas chegaram a retomar o serviço com apenas 30% dos homens e máquinas ainda em outubro e seguiram com os trabalhos em novembro e dezembro, mesmo sem receber.
 
Consórcio não foi multado pelo Dnit
O grupo empresarial responsável pelas obras de duplicação do lote 25 da BR-101 não chegou a ser multado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), como se acreditava. O consórcio Blokos/Araguaia/Emparsanco foi apenas notificado para que retome com celeridade os trabalhos.
 
Como em outras vezes que este mesmo problema ocorreu, o grupo comprometeu-se em dar dinamismo às obras a fim de cumprir a meta de conclusão do lote: julho deste ano.
 
Neste mês, o Dnit continuará o monitoramento das atividades do lote a fim de verificar o ritmo dos trabalhos. Em caso de não cumprimento da notificação, o órgão avaliará quais são as medidas punitivas cabíveis.
Era esperado, ainda neste mês, que o contrato com o consórcio pudesse ser revisto. Isto não é descartado, mas não será considerado até que se esgotem todas as opções legais.