Como fica a economia de El Salvador após adoção do bitcoin como moeda oficial

El Salvador se tornou o primeiro país a adotar bitcoin como moeda oficial, uma decisão que divide a opinião de especialistas. Logo na estreia, na terça-feira (7), a cotação da moeda chegou a cair mais de 10%, abaixo dos US$ 43 mil. Mas acabou se recuperando no dia seguinte.

A decisão não foi bem aceita pela população salvadorenha, que foi às ruas em protestos contra o governo do presidente Nayib Bukele.

Segundo especialistas ouvidos pelo CNN Brasil Business, a medida é “complexa” e está em fase de “aceitação e experiência”. E ainda traz um cenário de incerteza em uma economia já com baixo poderio global.

Walter Franco, professor de economia do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercados e Capitais) entende que, mesmo com oficialização da criptomoeda em El Salvador, é preciso medir os impactos da utilização de uma moeda digital na população local.

Walter acredita que a iniciativa poderá servir de referência para outros países, mas ressalta uma “complexidade” da mudança somada à falta de diálogo do governo com os salvadorenhos.

“O mundo é digital. A tendência é que bancos centrais adotem, de forma gradual, as criptomoedas. Claro, com cuidados e segurança aos usuários, e sob o controle do Estado. As moedas virtuais não surgiram com o propósito de serem controladas por grandes bancos. Entretanto, penso ser inovador e importante”, avalia Walter.  

Desde junho — mês em que a Lei do Bitcoin foi aprovada em El Salvador — a população local tem ocupado as ruas da capital São Salvador exibindo cartazes com frases como “Bukele, não queremos bitcoin” e “não à lavagem de dinheiro”.

Segundo a Câmara de Comércio e Indústria de El Salvador, uma pesquisa feita por eles apontou que o receio da população se dá pelo fato de não entenderem como a nova moeda oficial funciona e por conta de sua volatilidade.

Longo caminho

O professor do Ibmec ressalta que a oficialização da moeda em El Salvador deve passar por um processo comum de aceitação da sociedade — com regulações dentro de regras do Banco Central, com facilidade para transações financeiras, métodos de investimento, poupança e segurança.