Chuvas em Santa Catarina: Recursos ainda estão distantes

Amanda Menger
Tubarão

Nem mesmo a previsão de mais chuvas e dos prejuízos com os temporais dos últimos dias em Santa Catarina sensibilizam o governo federal a liberar os recursos para os municípios que apresentaram projetos de prevenção às enchentes em janeiro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O vice-prefeito de Tubarão, Felippe Luiz Collaço, o Pepê (PP), levou algumas propostas, que, juntas somam R$ 35 milhões, porém, nem todas têm projetos, como é o caso da redragagem de 31 quilômetros do Rio Tubarão (só tem o plano de trabalho).

“A documentação que foi solicitada para complementar os projetos foram enviadas, mas até agora não tivemos nenhuma resposta positiva. Estamos esperando”, afirma o secretário de planejamento da prefeitura, Edvan Nunes, que acompanhou Pepê na visita a Brasília.

O secretário nacional de saneamento básico, Leodegar Tiscoski, que acompanha a tramitação dos projetos de Tubarão, afirma que dois projetos apresentados podem ser contemplados. “Os municípios são chamados conforme a prioridade, mas Tubarão está na lista. Por enquanto, não há novidades para a cidade. Nem todas as sugestões têm projetos, como é o caso da redragagem. Há duas que estão bem propensas, uma delas é de drenagem urbana”, adianta Tiscoski. O secretário não soube detalhar se o projeto é da margem direita ou esquerda. A outra proposta é a de recuperação das margens do rio, avaliada em R$ 1,2 milhão (confira abaixo quais os projetos enviados a Brasília).

O prefeito de Tubarão, Dr. Manoel Bertoncini (PSDB), e o vice Pepê Collaço estarão reunidos hoje com Tiscoski. “Discutiremos com calma o andamento dos projetos. Há a expectativa de que os recursos saiam logo. Precisamos acompanhar de perto e tentar agilizar o que for possível”, afirma Pepê.

Os projetos
• Em 15 de janeiro, o vice-prefeito de Tubarão, Felippe Luiz Collaço (PP), o Pepê, apresentou quatro propostas: construção de duas estações elevatórias (na Padre Geraldo Spettmann e na comunidade do Pantanal), orçada em R$ 500 mil; drenagem na margem esquerda Dehon/Humaitá, orçada em R$ 3,1 milhões; o monitoramento do rio com a construção de quatro estações meteorológicas (Orleans, Braço do Norte, São Martinho e Tubarão), avaliado em R$ 480 mil e a redragagem do rio Tubarão, orçada em R$ 25 milhões.
• A redragagem não possui projeto, apenas o plano de trabalho. O governo do estado comprometeu-se em fazer a batimetria (verificação da quantidade de areia depositada no fundo do rio). O estudo deve ficar pronto em junho;
• Outros dois projetos foram enviados em 21 de janeiro: o de drenagem na margem direita (Vila Moema e Recife), no valor de R$ 3,2 milhões; e o de preservação da mata ciliar do Rio Tubarão, orçado em R$ 1,2 milhão. No total, Tubarão solicitou ao governo federal R$ 35 milhões.
• A drenagem no Dehon/Humaitá é executada pelo Dnit, já que a obra é prevista no projeto de duplicação da BR-101.

Em Tubarão, tudo tranquilo

As recentes (e aceleradas) obras de drenagem, limpeza de bocas de lobo, bueiros e caixas coletoras deram alguns pontinhos à prefeitura de Tubarão junto à população. Com a chuva incessante dos últimos dois dias (veja na coluna ao lado), nenhuma ocorrência de alagamento foi registrada.

“Está tudo sobre controle. Mesmo com a previsão de mais chuva amanhã (hoje), não prevemos nada de anormal na cidade graças às obras pontuais de drenagem. De qualquer forma, toda a equipe da Defesa Civil Municipal está sob alerta contínuo”, afirma o coordenador do órgão em Tubarão, José Luiz Tancredo.
A formação de um ciclone durante a madrugada de hoje, não o assusta. “Acompanhamos pontualmente este fenômeno. Não acredito que Tubarão seja atingido. O único problema é o vento, que poderá chegar a 60 quilômetros por hora. Ainda assim, não acredito que chegue com esta intensidade aqui”, avalia.

No estado, 3.528 pessoas estão desabrigadas e desalojadas entre a Grande Florianópolis e o litoral norte. Na madrugada de ontem, uma morte foi registrada na capital. Livanor Bonifácio da Silva morreu enquanto auxiliava pessoas a saírem de casa por causa de alagamento. Dez municípios registram alagamentos em grande proporção. Nestas cidades, 1.195 residências e edificações foram atingidas.