Cerca de mil pessoas protestam contra projeto da Casan

Moradores de Garopaba e até turistas deram um verdadeiro abraço coletivo na Lagoa da Encantada na manhã deste sábado (15). Conforme os organizadores do protesto, cerca de mil pessoas, os quais se incluem pescadores e surfistas, se reuniram ao redor da lagoa durante o dia para protestar contra um projeto de esgotamento sanitário da Casan que poderia tornar o rio um local para despejo de esgoto tratado.

A direção da Casan, por sua vez, alega que Garopaba e a Lagoa localizada entre as praias da Barra e Ferrugem ‘terão o seu ambiente muito mais ameaçado sem um sistema de esgotamento sanitário’ e que a proposta ‘traz o que há de mais avançado em termos de tecnologia de saneamento no mundo’.

A comunidade não questiona a necessidade de implementar um sistema de esgoto na cidade. No entanto, considera que o projeto não levou em consideração as características do município construído ao redor da lagoa.

De acordo com os ativistas, o projeto prevê que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), (ainda em construção no bairro Ambrósio) retire entre 90% e 95% dos nutrientes de esgoto da água e possa ser despejado no rio Linhares, que por sua vez desemboca na Lagoa da Encantada.

Um parecer feito pela comunidade, com a ajuda de técnicos da área de Engenharia Sanitária e Ambiental e da Antropologia, o qual foi entregue para a prefeitura de Garopaba, questiona a direção da Casan e os representantes da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) sobre a existência ou não de determinados estudos ambientais para realizar o despejo de água tratada no local.

A implantação do Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos proposto vem gerando dúvidas e insegurança para a população, o que se intensificou no segundo semestre do ano passado quando uma maior parte da população, com destaque para o grupo dos pescadores artesanais passou a se posicionar a respeito da proposta de disposição dos esgotos tratados.

 

Nota da Casan:

“A Casan entende a preocupação de moradores, veranistas e ambientalistas e considera muito importante esclarecer, permanentemente, todas as dúvidas existentes, já que existe uma grande dificuldade de entendimento com relação aos efeitos de um sistema de esgotamento sanitário. Mas é importante ressaltar que a cidade de Garopaba, a balneabilidade de suas praias e a Lagoa de Garopaba, onde está previsto o lançamento do efluente tratado, terão seu ambiente muito mais ameaçado sem um sistema de esgotamento sanitário.

O sistema proposto para Garopaba traz o que há de mais avançado em termos de tecnologia de saneamento no mundo, comprovadamente eficiente sob o ponto de vista ambiental. É uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) modelo Terciário, ainda não implantado em Santa Catarina. Além de depurar a carga orgânica presente no esgoto doméstico, o processo do modelo terciário retira nitrogênio e fósforo que, em excesso, comprometem os ambientes aquáticos. E vai devolver à natureza um efluente tratado (não vai devolver esgoto, mas efluente tratado). A estação reduzirá os riscos de eutrofização (processo provocado exatamente pelo excesso de nutrientes), favorecendo inclusive a pesca artesanal.

Com isso, a Lagoa terá até melhoradas suas condições para o desenvolvimento das espécies aquáticas, pois é importante lembrar que atualmente esse ambiente recebe diretamente, de forma clandestina, parte do esgoto gerado no município, em especial da bacia do Rio Linhares, que é um dos contribuintes da Lagoa. A outra parte tem como destino a beira da praia, através de riachos e canais de drenagem que desembocam no mar. A estação vai tratar em nível Terciário todo esse esgoto que hoje é tratado em fossas (cujo grau de eficiência é avaliado de 30 a 40%) ou lançado sem nenhum tratamento nos cursos de água.

 A construção dessa unidade foi a alternativa avaliada como a mais viável do ponto de vista ambiental, econômico e em relação ao tempo de implantação em curto e médio prazo. Porém, prevendo o desenvolvimento do município, a Casan não exclui a possibilidade de instalação, no futuro, de um sistema de disposição oceânica, desde que este conste nas metas do Plano Municipal de Saneamento.

É importante lembrar que a implantação da rede de esgotos exige que a construção da unidade de tratamento seja agilizada, pois como aconteceu em outros municípios podem ocorrer ligações do esgoto a essa rede por parte dos moradores mesmo ainda sem autorização da Casan, provocando extravasamentos e comprometendo a qualidade de vida na cidade”.

Fonte: Portal AHora