Caso Samu: Prefeito confirma a exoneração

Wagner da Silva
Braço do Norte

Mesmo contra o parecer da comissão responsável por analisar o processo administrativo contra os três motoristas socorristas do Samu, aprovados no concurso público para o cargo de motorista e acusados de falsificação de documentos, o prefeito de Braço do Norte, Evanísio Uliano, o Vânio (PP), confirmou a exoneração. Outros três aprovados no mesmo concurso foram contratados para as vagas.

A assessora jurídica Samira Oenning explica que uma comissão foi designada para apurar as denúncias de fraude em documentos, necessários para a contratação dos três ao cargo. “A denúncia pedia a apuração, informando que os três envolvidos trabalhavam sem os devidos cursos exigidos para o cargo”, ressalta Samira.

Os documentos supostamente fraudados foram enviados à Delegacia de Polícia de Braço do Norte que, mesmo sem receber o último laudo da perícia, constatou a falsificação. Em uma análise objetiva dos documentos e sob orientação da equipe jurídica, Vânio decidiu exonerar os três acusados. “Constataram a fraude e solicitei a exoneração. Outras três pessoas, que estavam na sequência da lista dos aprovados, foram chamadas para a função”, afirma Vânio.

Presidenta da comissão pediu
a demissão de um envolvido

A presidenta da comissão responsável por analisar o processo administrativo contra três motoristas do Samu, Kleymeri Michels Harger, afirma que o parecer foi entregue há cerca de dez dias. No documento, consta que a comissão aconselha a demissão de um dos envolvidos. “As provas mostram que ele falsificou a documentação e, por isso, pedimos a demissão”, afirma Kleymeri.

Com o testemunho da esposa do dono de uma empresa de formação de profissionais para área de resgate, que afirmou ter falsificado os documentos para torná-los aptos ao trabalho, foi crucial. “Pelas declarações que ela deu, os outros dois motoristas são vítimas. Eles estavam inscritos e presenciaram os cursos, teriam direito ao certificado”, aponta a presidenta da comissão.

Mesmo assim, Kleymeri diz que a decisão final em demitir os três envolvidos coube à administração. “Baseados nas declarações ao delegado, como depoimento e provas, confirmamos a falsificação documental de um acusado. Dos outros dois, nenhum indício foi comprovado, mas cabe à equipe de administração tomar a decisão de demitir ou não”, complementa.

Indícios de falsificação
nos documentos são fortes

O delegado Bruno Ricardo Vaz Marinho afirma que o processo do caso Samu foi enviado ao Ministério Público para as providências cabíveis, mas o parecer final da perícia ainda não foi enviado. Ele destaca ainda que há fortes indícios de adulteração. Em um dos casos, um certificado foi comprovadamente falsificado.

Outra evidência que comprova a fraude foi o segundo depoimento da esposa do proprietário de uma empresa de formação de profissionais para área de resgate. Ela confessou ter falsificado a assinatura de um médico e uma enfermeira.
Em seu primeiro depoimento, a mulher dizia desconhecer os fatos, mas voltou atrás e confirmou a falsificação, alegando que tanto o médico como a enfermeira residiam em outras cidades e, pela urgência, falsificou as assinaturas.

O delegado também levantou informações de que um dos membros da equipe do Samu, aprovados no concurso, não possuía o curso, ministrado pelo Serviço Social de Transporte (Senat) na época da contratação. “Enviamos o documento para a perícia. Mas a prestadora de serviço afirmou que até a entrega da documentação o contratado não possuía o curso”, explica Bruno.

Entenda o caso
• O concurso para diversas áreas da administração de Braço do Norte foi realizado no dia 16 de março de 2008, inclusive, havia três vagas para motorista do Samu. Em 1º de agosto, os aprovados começaram a ser chamados para o processo de contratação.
• O ex-coordenador do Samu, Manoel de Souza Couto, entrou com pedido solicitando a documentação dos aprovados para as vagas de motorista. O levantamento mostrou que alguns documentos possuíam assinatura muito diferente uma das outras. O fato foi denunciado ao setor jurídico da prefeitura e à Polícia Civil, que passou a investigar o caso.

• Um médico, graduado para a certificação dos profissionais, afirmou a falsificação dos documentos. Com mais esta prova, na primeira semana deste mês, a promotoria jurídica reabriu o caso, solicitando novos depoimentos para oferecer o direito de ampla defesa aos acusados.
• Após tomarem conhecimento da reabertura, os três acusados teriam cinco dias para protocolar, junto à promotoria da prefeitura, para manifestação.