Bolsonaro demite presidente dos Correios: “Agiu como sindicalista”

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), na manhã desta sexta-feira (14), anunciou a demissão do atual presidente dos Correios, general Juarez Aparecido de Paula Cunha. Segundo o presidente, o cargo de Cunha chegou a ser oferecido ao general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido da Secretaria-Geral da Presidência da República, na quinta-feira (14).

Segundo o presidente explicou, o general Cunha “foi ao Congresso e agiu como sindicalista”. Sobre a demissão do ministro Santos Cruz, Bolsonaro evitou detalhar os motivos. Ele recorreu à metáfora do do casamento para falar sobre o ex-ministro. “Foi uma separação amigável. Ele continua no meu coração”, disse o presidente em café da manhã, com jornalistas.

O presidente informou que ofereceu outros cargos dentro do governo ao general, inclusive o de presidente dos Correios, mas Santos Cruz não demonstrou vontade de permanecer.

O ex-ministro era contra o investimento forte de recursos na principal pauta do governo até o momento: a reforma da Previdência. Isso contrariava o ministro da Economia, Paulo Guedes que tem defendido um engajamento mais aguerrido do Planalto à reforma. Além de Guedes, o secretário de comunicação, Fábio Wejngarten, que era subordinado a Santos Crus , defende o aumento das verbas publicitárias para meios de comunicação e redes sociais com foco na reforma.

O presidente Jair Bolsonaro recebeu, na manhã desta sexta-feira (14), jornalistas que cobrem o dia-a-dia do Palácio do Planalto como setoristas. O Metrópoles estava entre os meios de comunicação convidados. No último encontro com profissionais de mídia, o jornal também estava entre os convidados.

O general Santos Cruz é o terceiro ministro a deixar o governo, primeiro da ala militar. Ele era responsável pela Secretaria de Governo da Presidência da República que passou a ser gerida por outro integrante das Forças Armadas, general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, que é comandante militar do Sudeste.

Bolsonaro disse que o substituto no cargo tem a vantagem de conhecer o Congresso e poderá ajudar na articulação política.

Ao falar sobre as especulações de que a demissão do ministro tivesse como causa crises envolvendo os filhos do presidente e o escritor Olavo de Carvalho, guru bolsonarista, o presidente negou a motivação.

“Não vi nenhuma tiutada de Olavo ontem”, enfatizou. Desde que chegou ao Planalto, em janeiro, Santos Cruz foi alvo de seguidas críticas de filhos do presidente e embates com o guru. A comunicação de governo era um dos principais pontos de disputa. ​

Na quinta-feira (13), Bolsonaro incumbiu outro militar do governo de comunicá-lo sobre a demissão. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno revelou a decisão pouco antes de Bolsonaro embarcar para Belém. No final da tarde, Santos Cruz divulgo uma carta de agradecimento, desejando “saúde, felicidade e sucesso” a Bolsonaro “e seus familiares”. Em resposta, o presidente disse que a decisão de exonerá-lo “não afeta a amizade, a admiração e o respeito mútuo”.

Foto: Marcos Corrêa PR