Barriga solidária: mãe gera neto para filha que perdeu o útero

Uma mãe de Uberlândia, Minas Gerais, aceitou fazer barriga solidária e está carregando no ventre o próprio neto, depois que a filha dela perdeu o útero. Tereza Aparecida Soares tem 58 anos e ela está gravida de oito meses de Rubens, que nasce em março.

Em 2009, quando tinha 22 anos, a filha de Tereza, Thais Marina Soares, descobriu um câncer no colo do útero e não dava mais tempo de tratar. “Tive que tirar o útero, mas o médico deixou o ovário para eu não entrar em menopausa”, contou Thais ao G1.

Na época ela estava no último ano da faculdade e já namorava o atual marido, Leandro Junior de Carvalho, que é engenheiro civil. Thaís fez 10 meses de tratamento, sempre com apoio da família e da mãe.

“O tratamento foi muito forte. Mas nunca pensei que iria perder minha filha para o câncer. Passávamos até 20 dias no hospital depois da quimioterapia e eu ficava o tempo inteiro do lado dela”, relembrou a dona de casa Tereza.

Thais se casou com Leandro e pensaram em adoção, um processo longo, que durou quase dois anos.

A ideia de outra pessoa gerar o filho de Thais veio com o passar do tempo. “O médico até sugeriu ser minha irmã, mas ela é mais nova e estava se casando, eu não queria forçar a barra. Então pensei em minha mãe, que é uma mulher muito forte. Não tinha como ser outra pessoa. A maneira como ela lida com os problemas é diferente”, falou Thais.

A futura avó não teve dúvidas e logo se ofereceu para ser a dona da barriga solidária. Tereza, que antes adorava comer sanduíche e tomar café, iniciou uma dieta e pilates. Perdeu 12 quilos em três meses. “Meu marido falou que a decisão que eu tomasse ele apoiaria. Não tive medo por ser gravidez de risco”, contou.

A primeira inseminação, feita em Ribeirão Preto, deu errado. Dois meses depois, em julho de 2019, veio a boa notícia, de um teste de farmácia. “Quando vi que deu positivo, levei para minha mãe e falei ‘olha o que deu’”, contou.

Minha mãe foi até o quarto e me entregou um escapulário com a oração do Santo Anjo, dizendo que era o primeiro presente do neto”, relembrou.

Tereza contou que a gestação está tranquila. Apesar dos enjoos nos três primeiros meses, a avó segue a vida normalmente. “Não parei minha vida, vou à missa, ao supermercado, as pessoas ficam olhando, mas não perguntam nada. Se perguntar eu falo que não é meu”.

Leandro também contou que, mesmo morando longe, a 10 km de distância, quando está junto da sogra aproveita a cada momento para sentir o filho. “A minha sogra sempre me tratou como um filho e nossa relação é muito tranquila. Ficamos à vontade quando estamos juntos e eu sempre acaricio a barriga dela. Quando vou embora, me despeço de meu filho”, afirmou.

Thaís, que hoje é enfermeira e tem 33 anos, deixou um recado para outras mulheres. “Não poder engravidar não é sinônimo de não ter filhos. Existem muitas possibilidades. Temos que ter fé e correr atrás, seja com barriga solidária, adoção ou tratamentos”, concluiu.