“Até melhorar, vai piorar muito”

Evaldo Sttelzenberger, chefe na 2ª Delegacia da PRF, avalia que é possível manter o fluxo de veículos a pelo menos 50 km/h
Evaldo Sttelzenberger, chefe na 2ª Delegacia da PRF, avalia que é possível manter o fluxo de veículos a pelo menos 50 km/h

 

Priscila Loch
Tubarão
 
O nome do mais recente diagnóstico sobre a situação da duplicação da BR-101 define bem o atual momento: “Até melhorar, vai piorar muito”. A frase, de autoria do chefe de policiamento e fiscalização da 2ª Delegacia da PRF em Tubarão, Evaldo Sttelzenberger, deu o pontapé inicial à audiência pública realizada ontem na sede da Amurel.
 
O objetivo do evento, organizado pela câmara de vereadores de Tubarão, de listar alternativas que contribuam na prática para a redução dos frequentes congestionamentos entre a Cidade Azul e Laguna, especialmente na alta temporada, foi alcançado. Várias sugestões foram apresentadas pelos participantes, entre eles políticos, representantes de entidades de classe e especialistas.
 
Melhorar vias de acesso pelo interior, implantar linhas de transporte de passageiros em trens e barcos, restringir parte do tráfego em horários determinados e estimular o fluxo de veículos de formais rápida são alguns dos planos. Todas as medidas podem ajudar, sim, na questão, mas uma solução definitiva só será possível após a conclusão total da duplicação, prevista para daqui a dois anos, segundo o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) em Santa Catarina, João José dos Santos.
 
A velocidade em horários de pico no trecho entre as duas cidades, dependendo da extensão das filas, fica próxima de 5 km/h. “Muita gente reduz para apreciar a lagoa, o festival de botos, as obras da ponte. Tem também os cruzamentos e desvios. Isso tudo contribui para este tráfego lento. Dá para manter tranquilamente entre 50 km/h e 60 km/h”, expõe o policial rodoviário.
 
Documento será enviado à presidenta Dilma
O diagnóstico com todas as sugestões para desafogar a BR-101 entre Tubarão e Laguna – que abrange também os municípios de Capivari de Baixo e Pescaria Brava – será encaminhado, na forma de correspondência oficial, à presidenta Dilma Rousseff, ao ministro dos transportes, Paulo Sérgio Passos, ao governador Raimundo Colombo e ao secretário de estado de infraestrutura, Valdir Cobalchini. 
Daqui para frente, a comissão organizadora da audiência pública deve manter um trabalho conjunto e contínuo com a Polícia Rodoviária Federal e o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit). “A nossa iniciativa é no sentido de dar encaminhamento a soluções que minimizem o problema”, destacou o presidente da câmara de vereadores de Tubarão, João Batista de Andrade.
Além da questão de demora no deslocamento, há uma preocupação com a economia regional, que tem sido afetada negativamente. “Atinge o comércio, as pessoas que moram em uma cidade e trabalham em outra, e coloca em risco o nosso turismo. Ou seja, afeta a vida de todos nós”, lamentou o vereador Edson Firmino, que conduziu a audiência.
“Ainda nem entramos na alta temporada e já temos filas diariamente. O transporte de cargas tem sofrido dificuldades e os turistas estão nos evitando”, salientou o vereador Dionísio Bressan, durante a leitura do diagnóstico. “Quantos riograndenses desviarão, ou nem virão?”, acrescentou.
 
Medidas sugeridas para reduzir as quilométricas filas
• Adoção de controle de tráfego na BR-101, nos horários de pico.
• Investimentos e manutenção de rotas alternativas para tráfego regional, tais como:
♦ Rodovia Aggeu Medeiros, pela beira rio, via bairro Campestre, entre Tubarão e Laguna;
♦ Estrada Geral de Congonhas/Jaboticabeira, entre Tubarão e Jaguaruna;
♦ Estrada Geral de Pescaria Brava a Imaruí.
♦ Tubarão/Florianópolis, via São Bonifácio;
• Aceleração das obras da rodovia Interpraias, entre Laguna e o Balneário Camacho, em Jaguaruna;
• Estudo de viabilidade de implantação de sistema de balsas para transporte de veículos entre o KM 37 e a comunidade de Bentos.
• Estudo de viabilidade de transporte de veículos sobre trilhos, entre o KM 37 e o acesso a Laguna.
• Estudo de viabilidade de implantação de linha de transporte de passageiros por trem entre Tubarão e Laguna.
• Implantar três turnos de trabalho nas obras restantes, inclusive na construção da ponte Anita Garibaldi.
• Colocar tapumes para impedir a visão dos motoristas à obra da Ponte sobre o canal de Laranjeiras, já que muitos diminuem a velocidade justamente para ver como está o serviço.
• Incentivar o transporte solidário, com pelo menos quatro pessoas em cada veículo.
• Firmar convênio com as Guardas Municipais dos municípios atingidos diretamente para que possam auxiliar a PRF no controle do tráfego.
 
Previsão de conclusão total da duplicação é o fim de 2014
A infraestrutura e a logística catarinense não acompanharam o desenvolvimento de Santa Catarina, admite o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) em Santa Catarina, João José dos Santos. “Você não pode depender apenas de uma rodovia para fazer certos caminhos”, enfatiza.
O superintendente avalia que o andamento dos trabalhos de duplicação no lote 25 – entre Capivari de Baixo e Laguna – como normal. As propostas para dois gargalos – túnel no Morro do Formigão, em Tubarão, e pista complementares à Ponte Anita Garibaldi, em Laguna – serão abertas este mês, a primeira nesta quinta-feira e a segunda no dia 22.
“Podemos errar, mas é possível terminar toda a duplicação até o fim de 2014, inclusive a ponte. E, com certeza, o verão deste ano não vai piorar”, acredita João José, em referência aos congestionamentos. “Estamos muito empenhados em solucionar estes problemas”, acrescenta.
 
Possibilidades e inviabilidades
A implantação de transporte fluvial será discutida mais a fundo pelos futuros prefeitos de Tubarão e Laguna, Olavio Falchetti e Everaldo dos Santos. Eles avaliam como viável este meio de deslocamento entre as duas cidades e cogitam que ocorra entre o píer do Clube 29 de Junho e o Mercado Público ou o Porto da Cidade Juliana.
Já com relação ao transporte ferroviário, a situação é um pouco mais complexa. O engenheiro André Mendonça, representante da Ferrovia Tereza Cristina na audiência pública de ontem, explica que a empresa hoje trabalha com cargas, e para transportar passageiros seriam necessários estudos de viabilidade. “Não é tão fácil, tem que fazer estudos, planejamento e investimento”, justifica.
Outra sugestão, de utilizar as vias pelo interior como acesso, também requer mudanças. Além da manutenção das estradas, nos fins de semana também há formação de longas e demoradas filas na travessia da balsa. “Tem três balsas, mas somente uma é usada, sob o argumento que dá prejuízo. Vou conversar para pedir que as três balsas sejam colocadas em uso”, comprometeu-se o prefeito eleito de Laguna.