Animais de rua: Cuidadoras defendem parcerias com poder público

Amanda Menger
Tubarão

Uma ‘enorme’ família. É assim que pode ser descrita a família formada por Maria Mendes, Cláudia Juliana Rodrigues Machado e seus ‘102 filhos caninos’. Há seis anos as duas dedicam-se integralmente a cuidar dos animais. Junto com Ivânia Camargo e Maria Amélia Cavalcante, elas abrigam 225 cães.
“Tínhamos uma cadela quando morávamos no bairro Humaitá de Cima e aí jogaram um filhote no pátio. Ficamos com pena e acolhemos. Depois, vieram mais e mais. Quando viemos morar aqui na avenida Pedro Zapellini, tínhamos 26 cães. Hoje são 102. Ontem, conseguimos um novo dono para um cãozinho”, conta Juliana.

Para alimentar essa ‘família de quatro patas’ são gastos de 700 a 800 quilos de ração por mês, fora os materiais de limpeza para manter a higiene do local. “Damos também vacina para que as fêmeas não entrem no cio e não haja reprodução. Todo o trabalho depende da ajuda de outras pessoas que doam rações, produtos de limpeza e medicamentos”, relata. Até mesmo para se manterem elas precisam de ajuda. “Chegamos a ficar nove meses sem luz. Só conseguimos religar em outubro”, revela Juliana.

As cuidadoras acreditam que a melhor saída para o problema dos cães de rua é uma parceria entre o poder público e quem já cuida dos animais. “Porque o canil municipal terá custo com os funcionários e não há garantias de que as pessoas contratadas gostarão de animais. E depois de castrados, os animais voltariam às ruas? Ou seriam sacrificados depois de um tempo?”, questiona.

Segundo a cuidadora, elas já têm os materiais de construção e mão-de-obra para fazer um canil, mas não tem um terreno. “Gostaria de ajudar e cuidar de mais cães se tivesse espaço para isso”, assegura.
Quem quiser doar rações ou materiais de limpeza, ou mesmo adotar um cãozinho, o telefone de contato de Cláudia Juliana Rodrigues Machado é 9904-6780.

Conscientização é fundamental
Os filhotes de cães, em geral, são belos, fofos, brincalhões. Praticamente irresistíveis, não é mesmo? E esse é um dos problemas. “As pessoas levam para casa e cuidam enquanto são filhotes, porém o animal cresce e muitos acabam abandonados porque ficaram muito grandes, comem demais, precisam de atenção”, observa Cláudia Juliana Rodrigues Machado, que cuida de 102 cães.
Para Juliana, é preciso conscientizar a população sobre a responsabilidade de se criar um animal. “Eles serão sempre dependentes. Isso traz obrigações, mas ao mesmo tempo é gratificante. Eles são companheiros, amigos, fiéis. É importante realizar campanhas educativas”, analisa.

Outro ponto nesta questão dos cães de rua é o incentivo à adoção. “Essa campanha educativa poderia incentivar também as pessoas as adotarem um animal. Mas é preciso que a adoção seja controlada. Quem leva o animal tem que assinar um documento se responsabilizando por ele e deveria ser multado se o abandonasse”, propõe.
Uma outra sugestão de Juliana é a formação de ‘padrinhos’ para os cães que estão sob o abrigo de cuidadores. “As pessoas poderiam ajudar a manter os animais. Muitas vezes, gostam dos bichinhos, mas não têm como levá-los para casa. Poderiam doar ração, por exemplo”, sugere.