Amurel faz balanço geral do coronavírus e cria manifesto a prefeitos, empresários e sociedade

Estamos vivenciando a pandemia do novo coronavírus (SARS-Cov 2), causador da COVID-19, sem termos nada semelhante em nossa história pregressa, e cujas evidências e experiências mundiais acrescem diariamente ao conhecimento e ajudam na tomada de decisões difíceis em prol da saúde e vidas humanas. Até o momento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), houve mais de 461.923 casos de COVID-19 no mundo, com 20.852 óbitos, valores que aumentam a todo instante. A OMS estima que para cada caso confirmado, há mais 10 casos ainda sem notificação. Os casos não notificados podem ser responsáveis por mais de 86% da infecção, conforme análise dos casos da China.

Dentre as medidas mais efetivas mostradas pelos estudos científicos, está o confinamento da população, que sem dúvida gera impactos econômicos, mas que nós, como gestores e profissionais de saúde, defendemos como medida que irá evitar o colapso dos sistemas hospitalares e pouparão muitas vidas.

Vale ressaltar que Tubarão é polo regional de comércio e serviços, e de atendimento em saúde, cidade universitária, com grande fluxo de pessoas de diversos estados brasileiros e de municípios vizinhos, sendo seccionada pela BR-101, rota entre o Aeroporto Humberto Bortoluzzi de Jaguaruna e o Porto de Imbituba. Dada essas características, foi um dos primeiros municípios com registro de transmissão comunitária da COVID-19.

A Associação dos Municípios da Região de Laguna (AMUREL), composta por 18 municípios, tendo Tubarão como sede, tem aproximadamente 370.000 habitantes. Considerando uma estimativa de 80% que entrarão em contato com o vírus (296.000), e que possivelmente 10% sejam sintomáticos (29.600), segundo estudo chinês (Guan et al, 2020 NEJM) 16% apresentarão sintomas graves (4.736), muitos dos quais com necessidade de hospitalização e utilização de medicina intensiva, isso irá gerar sobrecarga nos sistemas de saúde local, sem capacidade suficiente para absorver essa demanda. Hoje, em Tubarão, há 50 leitos de UTI. Devido a história natural da doença, o tempo em UTI é estimado entre 15 e 21 dias, a depender de vários fatores do paciente e sua evolução clínica. Portanto, se o adoecimento da população for simultâneo, obviamente não será possível atender todos os que necessitarem de cuidados médicos, e os profissionais da ponta terão que decidir quem vive e quem morre. Não se pode esquecer que além da pandemia da COVID-19, há outras doenças e agravos que também requerem hospitalização e cuidados intensivos, além da alta transmissibilidade do vírus no ambiente hospitalar.

Para além de poucos hospitais, leitos, vagas em UTI e respiradores, há escassez de equipes de saúde treinadas para lidar com essa morbidade, falta de equipamentos de proteção individual, além da estimativa de que 20% dos casos de coronavírus sintomáticos ocorram entre profissionais de saúde, o que culminará num desfalque ainda maior de recursos humanos especializados.

A Região Sul do Brasil apresenta a maior percentual de idosos em comparação às outras regiões do país, e cerca de 40% da população adulta apresenta alguma doença crônica. Por mais que os dados de outros países revelem que a maior mortalidade ocorra em pessoas acima de 65 anos e/ou com comorbidades associadas, vale ressaltar que a falta de atendimento médico poderá mostrar um cenário diferenciado no Brasil, dada a desigualdade social que enfrentamos. Outro dado relevante, são as condições climáticas favoráveis a sobrevivência do coronavírus e, ainda, não estamos nos meses mais frios do ano, em que a incidência de doenças respiratórias aumenta.

Todo o mundo científico está debatendo sobre a melhor forma de reduzir o impacto econômico e o caos social que o confinamento total, por prazo indeterminado, tem gerado e qual o tempo mínimo que deve ser mantido, a fim de que os sistemas de saúde das cidades estejam preparados para o melhor enfrentamento dessa pandemia, que não tem qualquer similaridade com pandemias anteriores.

A interrupção abrupta do confinamento atual, sem que os sistemas de saúde estejam preparados para atender a essa epidemia, coloca em risco a vida de milhares de pessoas.

Por isso, defendemos a manutenção da quarentena, sendo que devemos analisar esta decisão ao final de cada período. O número de casos notificados está muito abaixo da realidade, pela ausência de testes diagnósticos, o que não revela a magnitude do problema.

COMISSÃO DE MONITORAMENTO

Daisson José Trevisol – Diretor- Presidente da Fundação Municipal de Saúde

Chaiana Esmeraldino Mendes Marcon – Gerente de Saúde

Marcelo César Ribeiro – Gerente de Saúde

Fabiana Schuelter Trevisol – Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde- Unisul/ Hospital Nossa Senhora da Conceição

Nei Euclides Fava – Pro-Vida

Maria Zélia Baldessar – Universidade do Sul de Santa Catarina

Rogério Sobroza de Mello – Médico Infectologista

Fábio Tadeo Teixeira – Diretor Executivo do Hospital Nossa Senhora da Conceição

Chafic Esper Kallas Filho – Diretor Técnico do Hospital Nossa Senhora da Conceição

Fernando Delgado – Diretor Técnico Hospital Socimed

Andrea Dumont – Hospital Socimed

Kaiser Koch – Unimed