“Agora, temos a quem recorrer…”

Na localidade do Bom Pastor, o Rio Tubarão transborda primeiro em determinados pontos
Na localidade do Bom Pastor, o Rio Tubarão transborda primeiro em determinados pontos
Maycon Vianna 
Tubarão
 
Imagine um cenário de intensas chuvas em que o Rio Tubarão está próximo de transbordar. A situação é preocupante. Moradores não sabem como agir. Uns correm para um lado, outros tentam se salvar. Estas fortes cenas marcaram a história do município há 40 anos. Hoje, para uma situação semelhante a esta, já existe um esquema organizado para amenizar os danos se, de fato, ocorrer uma nova enchente. 
 
O plano de contingência foi elaborado pelos integrantes da Defesa Civil de Tubarão e deverá, em breve, ser aprovado pelos órgãos e instituições integrantes do Grupo de Ações Coordenadas (Grac). “Quem representa o grupo, seja da área da segurança pública ou da prefeitura, assume o compromisso de atuar de acordo com as suas atribuições, bem como realizar as ações para criar e manter as condições necessárias para desempenhar as atividades, segundo as responsabilidades previstas neste novo documento. Agora, temos um plano a recorrer”, destaca o secretário de Defesa Civil de Tubarão, Rafael Marques. 
 
O plano tem como finalidade orientar as ações de preparação e resposta às emergências e desastres relacionados aos movimentos de massa, inundações, alagamentos, queda de blocos e enxurradas na Cidade Azul. “Está estabelecido os procedimentos a serem adotados pelos órgãos envolvidos nas respostas às emergências e desastres, relacionados com os panoramas de risco. Ainda há recomendação para os aspectos incluídos ao monitoramento, alerta, alarme e resposta, incluindo as ações de socorro, ajuda humanitária e reabilitação de cenários, a fim de reduzir os prejuízos”, explica Rafael.
 
 
 
Simulado será realizado para amenizar desastres 
Um simulado com uma situação de enchente deve ser realizado no próximo mês (em data ainda a ser confirmada) no bairro Bom Pastor, uma das primeiras localidades de Tubarão a ser atingida pela força das águas em caso de inundação.
O evento deve ter a presença dos órgãos de segurança pública (bombeiros, Exército, polícia), componentes da Defesa Civil, além da participação dos moradores. “Vamos simular uma enchente como acontece na prática. As pessoas conhecerão as rotas de fuga, locais de encontro, espera de resgate e os abrigos disponíveis em casos extremos”, enfatiza a coordenadora da Defesa Civil de Tubarão, Elna Fátima de Oliveira.
Há 40 anos, o aposentado Quintino Menegaz viveu o drama na enchente que deixou a cidade assolada. Ele mora nos arredores do Bom Pastor há quase 66 anos. A cada chuva de maior intensidade, as tristes imagens da tragédia de 1974 voltam à tona. “É uma área muito baixa. A água ultrapassa mais de 1,5 metro de altura nas residências. Precisa ser feito algo”, pede Quintino (foto abaixo).
Para a balconista de padaria Caroline Marcelino de Oliveira, que mora há 12 anos no local, quando o rio começa a encher a situação se complica. “Nas cheias mais recentes, em 2011, tivemos que deixar a nossa casa e nos abrigar em uma residência de parentes no bairro Humaitá. O cercado parecia uma ilha. Só deu tempo para deixar tudo e por pouco não piorou”, lembra Caroline.
 
 
Abrigo no Bom Pastor: igreja e salão paroquial
  • O local possui capacidade para alojar aproximadamente 120 pessoas.
  • Há espaço para pouso de helicóptero no pátio do abrigo.
  • O abrigo possui um reservatório com capacidade para 1,5 mil litros.
 
 
Bairro Bom Pastor: um dos primeiros locais atingidos
Um dos primeiros locais atingidos com o transbordamento do Rio Tubarão é o bairro Bom Pastor. Com 4,8 metros acima do nível, as águas já começam a invadir ruas e casas. “A ideia principal é conscientizar as pessoas para que conheçam de fato os caminhos, saibam quais são as rotas de fuga na localidade. Isso tudo está especificado no plano de contingência”, enfatiza a coordenadora da Defesa Civil de Tubarão, Elna Fátima de Oliveira.
De acordo com Elna, os integrantes da Defesa Civil trabalharão nesta comunidade para criar a cultura da autoproteção. “Os residentes da localidade precisam saber até quando podem se abrigar nos locais adequados e de que maneira serão resgatados, seja por terra, água ou ar”, ressalta Elna.